Um amigo sempre diz que eu não tenho nada que pedir desculpas por passar alguns dias sem aparecer pelo blog, mas acho que tenho sim, porque compromisso é compromisso e quando me propus a por o Diário do Avoante no ar, foi com a ideia que ele teria atualização diária, mas como nem sempre é possível, vou navegando e dando bordos entre uma desculpa e outra. A desculpa dessa vez foi que estávamos mostrando a um novo aluno do nosso curso de vela de cruzeiro, como é a vida a bordo de um veleiro de oceano e quanto ela é prazerosa.
Pois bem, o Ricardo de Brasília, chegou e de cara já sentiu que a vida de velejador de cruzeiro é cheia de alegrias, boas amizades, extremamente irreverente e que nem sempre a turma está afim de dar uns bordos por aí, porém, é uma vida maravilhosa e que passa bem distante dos estresses produzidos pelas cidades.
Como primeira aula, participou do churrasco de inauguração da churrasqueira do veleiro Intuição, do comandante Chaguinhas, que começou pela manhã, se estendeu pela tarde e culminou com o início da segunda aula, numa velejada noturna do Aratu Iate Clube até o Suarez, ou portinho da ilha de Bom Jesus – como queiram – , um dos mais gostosos e tranquilos fundeadouros da Baía de Todos os Santos. Foi uma velejada em flotilha, porque tivemos a companhia do veleiro Luar de Prata, do comandante Paulo, num percurso de pouco mais de 14 milhas.
No segundo dia de aula, navegamos do Suarez até a ilha de Itaparica, num través gostoso, onde dividimos a ancoragem com os veleiros Ati Ati, do comandante Fernando e da grumete Erica, e do veleiro Remelexo, comandante Claudio e imediata Giordana. A noite foi de festa a bordo do Remelexo e mais uma vez o Ricardo sentiu a força da amizade que tempera a alma dos velejadores de cruzeiro.
O terceiro de dia de curso para Ricardo foi uma navegada pelo Canal Interno de Itaparica, diante de uma paisagem de encantar, até a Fonte do Tororó, uma pequena cachoeira quase sem água, mas que oferece um banho de mar sensacional. Depois do almoço a bordo, emoldurado pela mata exuberante do Tororó, levantamos as velas e tomamos o rumo do fundeadouro da ilha da Cal, outro paraíso da Baía de Todos os Santos, onde passamos a noite. Aliás, na ancoragem da ilha da Cal não precisamos nem olhar para o Céu para ver as estrelas, basta olhar o mar para vê-las refletidas.
No quarto dia voltamos a Ilha de Itaparica, onde o Ricardo desembarcou, para seguir para Morro de São Paulo, e nos fizemos o rumo do Aratu Iate Clube, navegando sob as cores de um belíssimo pôr do sol. Ricardo foi mais um aluno aplicado que desembarcou do Avoante focado no sonho de singrar os mares do mundo a bordo de um veleiro. Tudo que viu e viveu durante os quatro dias de curso temos certeza que ficará marcado em sua memória como dias maravilhosos e que jamais ele imaginou que teria. Fizemos questão de montar uma grade de curso em que a vivencia sobressaísse sobre os ensinamentos técnicos, porque assim ele veria que a vida a bordo de um veleiro não tem segredos e tudo não passa de um novo olhar sobre a vida, onde se busca a verdadeira interação entre homem e natureza. Desejamos sempre bons ventos e mares tranquilos ao novo velejador e desejamos um dia ancorar nosso veleirinho ao lado do seu em algum recantinho gostoso desse mundão de oceano.