Arquivo do mês: outubro 2013

Novamente a saudade de Camamu

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Mais uma das águas encantadas da Baía de Camamu/BA. Cachoeira do Tremembé, um dos mais belos recantos do litoral baiano. Ancoragem maravilhosa, cercado de muita mata virgem e no ar, um silêncio de deixar monges tibetanos de orelha em pé. A última vez que estivemos por lá foi em Fevereiro de 2011 e tivemos a alegria de ter a bordo do Avoante o casal Fernando e Marta, que passaram dez dias com a gente. Como é gostoso relembrar e viver a saudade! 

O Brasil que não enxergamos

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Nem só de mar e vento vive um velejador de cruzeiro, pois uma das boas coisas dessa vida meio errante de nômades dos oceanos e conhecer as maravilhas que existem em terra, e principalmente num país tão escandalosamente belo como é o nosso Brasil. Pode até ser que formamos fileiras para se espantar com os desmandos e a falta de princípios éticos tão comuns entre nós, mas tenho absoluta certeza que vivemos no melhor país do mundo e que, independe das cores vestidas pelo rei do momento. Precisamos sim de uma agenda positiva e que faça realçar o verdadeiro Brasil. Precisamos apagar das nossas telas o massificante rastro de violência desenfreada e que a cada dia tenta valorizar meia dúzia de apresentadores que babam de prazer em meio ao sangue derramando. Precisamos descarrilhar o trem fantasma que corre nos corredores de nossas casas legislativas e que descarrega livremente sua carga maldita nas nossas cidades. Precisamos sim, ver o Brasil que existe dentro do Brasil e não apenas aqueles que saltam aos olhos nas vitrines padronizadas dos shopping centers da vida. Adoro o mar, mas adoro também viajar pelas estradas que cruzam o nosso país. Hoje, sempre que posso, fujo das grandes BRs e me embrenho nas longínquas estradas que mostram o Brasil por dentro. Sigo por elas me sentindo mais brasileiro e feliz por estar conhecendo um Brasil ainda tão desconhecido. É por isso que me encanto sempre que vejo uma construção antiga embelezando as paisagensque margeiam as estradas, principalmente as igrejinhas tão isoladas pela nova fé dos homens. É muito comum passarmos por elas sem ao menos pisar levemente no freio para uma olhadinha de soslaio. Parar nem pensar! A vida não permite mais a contradição de uma parada para olhar a paisagem em volta. Mas, vamos em frente que esse post não era para colocar patriotismo barato na cabeça de seu ninguém, pois cada um sabe o que é o bom da vida. Era mesmo para mostrar essa bela igrejinha que enfeita a paisagem nas margens da BR 101, próximo a cidade pernambucana de Goiana. Ela fica nas terras que um dia pertenceu a Usina Maravilhas e que hoje serve de ringue para lutas do povo do campo. Muitas vezes, durante minha vida, passei pelo local e sempre me encantei com o cenário produzido pela natureza e a engenharia dos homens da fé. Nunca tive a oportunidade de parar, apesar da vontade não ter faltado, e sempre me cobrei por isso e sempre a igrejinha estava lá a me acenar. No mês de Maio de 2013, quando deixei o Avoante em Salvador/BA e peguei a estrada para ir a Natal/RN, não me contive e parei. Como é bonito o nosso Brasil! Deus seja louvado”.      

Na Bahia não tem somente caruru, vatapá e acarajé

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É mesmo, deram um boa garfada nessa delícia de Salame de Polvo antes de bater a foto. Isso mesmo, Salame de Polvo. Mas vai ter quem se lembre que certo dia já postei aqui falando sobre ele, click AQUI e veja. Porém, nunca é demais falar das comidinha gostosas que degustamos nos botecos dessa vida tão boa. Adoramos conhecer novidades gastronômicas nos lugares em que passamos e por conta disso já pagamos muitos micos, mas nem por isso deixamos de seguir a intuição e na grande maioria das vezes saímos satisfeitos. 

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Pois bem, essa iguaria a gente encontra na Cantina do Jullius, que fica localizado em uma das ruas que cercam o Largo de Roma, na Cidade Baixa da capital baiana. Não faz pouco tempo que estivemos lá, mas também não faz tanto tempo assim para ter deixado a foto com cara de antigamente, foi apenas para tirar onda. Estivemos lá no começo do ano, logo que voltamos a Bahia, acompanhados dos amigos Márcia Machado, Vera, Davi Hermida, Kalina Palma e Nelsinho, meu filho e o gordo mais fofo do mundo. Sim, mas por que somente agora estou fazendo essa postagem? É que as imagens estavam perdidas em algum cantinho isolado do meu computador e somente agora consegui resgatar.

Foto0053Foto0054Foto0058Foto0060O Boteco do Jullius é mesmo um lugarzinho bem original e vale a pena meter os pés pelas mãos, acionar o GPS do carro e sair em busca dos sabores da casa que são muitos. Só mais um detalhe: Se for até lá não esqueça de nos convidar.

A Tempestade – Parte 11

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Eu já sabia que nosso amigo e velejador Michael Gruchalski era um exímio contador de histórias, mas nem imaginava que ele tivesse a capacidade dos grandes autores de novela, para deixar a gente preso até o último capítulo. A Montanha Russa que dá prosseguimento a saga perigosa de três amigos a bordo de um veleiro em meio ao mar em fúria na costa sergipana é de tirar o fôlego. E olhem que ainda estamos no 11º capítulo!

MONTANHA RUSSA E PERIGOS I

Vento e chuva atingiram seu ponto máximo. O vento zombava de nós estacionado na casa dos quarenta nós, a chuva parecia um cachoeira furiosa, de tão densa e pesada. O barulho do vento e do mar quebrando em volta era ensurdecedor. Não importava a escuridão: estávamos de olhos fechados mesmo. Pouco importava reconhecer que havia traços de uma espuma branca esvoaçante em volta do barco. Nada importava. Nem o brilho dos relâmpagos, nem a explosão dos trovões. Estávamos exatamente naquele momento mágico, talvez até inconscientemente aguardado, do início da verdadeira tempestade. No olho dela. Estávamos ali, em má hora e no lugar errado. Dali em diante, em teoria, não podia piorar. Agora, a ordem era aguentar e esperar passar. E, pelo amor de Deus, não naufragar.

Nenhum de nós havia dormido ou mesmo descansado desde a perda do leme na madrugada anterior. O filho do capitão era quem em melhor situação estava. De ânimo e aparência. Antes do reconhecimento de enfrentar a tempestade, bem dito. Até aquele ponto, sorria puxando minimamente o canto do lábio esquerdo. Agora, além de não sorrir, mantinha o tempo todo, uma careta feia com um dos olhos semicerrados. O filho do capitão, apesar de reservado e econômico com palavras nas suas análises, quando consultado, era um norte para as nossas decisões. E era ele quem mais tempo aguentara pendurado no trapézio do nosso leme de fortuna desde aquele fim de tarde. Eu mesmo só fiquei meia hora e senti muita dificuldade.

Será que escapamos dessa, pensei pela segunda vez, protegendo-me da chuva que entrava fria por frestas, zíperes e dobras da minha roupa de mau tempo E agora, o que vamos fazer? Para que lado estavam as plataformas de Sergipe, as benditas plataformas? O capitão gritou alguma coisa, algo sobre o controle do barco. Não entendi, eu não estava ouvindo nada, só o escarcéu terrível do vento e da chuva. Abaixamos os nossos corpos, os olhos estatelados um no outro, assustados com a violência do início da tempestade. Será que motor ainda está funcionando ou já tinha desligou sozinho? Com o barulho da natureza em volta não dava para saber se o motor estava ligado ou não. Para onde estamos sendo levados? Onde ficou o controle do barco, onde estão o capitão, o timoneiro, o comando e o rumo?

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Bomba! A matança continua

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Isso não é uma denúncia, até porque, mesmo que fosse não iria dar em nada como sempre. Mas as águas da Bahia e principalmente da Baía de Todos os Santos continuam sendo sacudidas pelas bombas de criminosos ambientais que se acham no direito e, o que é pior, na certeza de que nada ira acontecer com eles. O resultado do crime é o que mostram as imagens acima: Milhares de peixes mortos e apodrecidos sendo levados para cima e para baixo pelas marés e tentando serem vistos pelas autoridades que não estão nem ai para o problema. Foi assim durante todo o dia do último Sábado, 26/10 e desse Domingo, 27/10. As propagandas oficiais insistem em mostrar uma polícia bem equipada com lanchas e jet-skis e sempre pronta a coibir a ação dos criminosos travestidos de pescadores, mas tudo não passa, como diz o ditado, de: “Coisa para inglês ver”. E não pensem que as imagens é em algum ponto isolado das águas que banham a capital baiana, elas foram feitas em plena orla do Bairro da Ribeira, que todos os dias é sacudida pelas bombas. No mês de Julho publicamos aqui a postagem Um Crime Recorrente e Sem Controle, denunciando essa prática criminosa descrita na Lei inafiançável número 9.605/98, porém, tudo continua como sempre foi na terra da felicidade.  

Mais uma da Refeno 2013

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Quem um dia já participou de uma Refeno – Regata Recife/Fernando de Noronha, sabe dos bons momentos de confraternização que vem na esteira da regata. A grande maioria acontece mesmo dentro das dependências do Cabanga Iate Clube, clube anfitrião, pois todo dia tem festa. Porém, vez em quando um grupo é carinhosamente arrastados e intimado a comparecer na casa de algum amigo pernambucano e ai a festa é dobrada. Nesse ano de 2013 a amiga Sueli, coordenadora da equipe de secretaria, convidou um pequeno grupo, que coube dentro de uma Van, dizendo que os seus Pais queriam recepcionar os amigos queridos dela na regata. O convite era assim: “…olhem, meus pais querem que vocês vão lá em casa para um jantarzinho básico…”. Bem, convite é convite e vindo de uma amiga com a grandeza de Sueli é irrecusável. Fomos todos!

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O tal do jantarzinho básico era mesmo um verdadeiros banquete de frutos do mar, muita alegria e forró.

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Pois é! Para nos recepcionar estava lá um excelente Trio de Forro pé de serra de lascar meio mundo. Os caras eram bons mesmo e tocaram de tudo: Do forró ao frevo pernambucano. Do frevo ao baião. Do baião ao xote e por ai a noite foi se estendendo até a turma jogar a toalha. Foi uma noitada das melhores, com o carinho de uma família super unida e que deixou todos muito a vontade. Só nos resta agradecer e mostrar como foi a festa.

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Coisas da saudade

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Hoje sentei no computador para escrever alguns artigos para a coluna Diário do Avoante, publicada todos os Domingos no jornal potiguar Tribuna do Norte, e atualizar o blog que há tempo está precisando, mas a saudade me traiu. Fui cair na besteira de rever algumas fotos e me deparei com o arquivo mais do que especial da bela e fascinante Baía de Camamu. Eita saudade danada daquele paraíso!

Eu bem que acreditei

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A notícia não é nova, mas ecoa na nossa mente aquela velha frase tão brasileira: Eu já sabia. Mas a verdade é que a capital do frevo não vai mais sediar a próxima edição da Volvo Ocean Race. No começo do ano a notícia de que Recife/PE ficaria com a primeira parada da famosa regata de volta ao mundo caiu como uma bomba no mundo do iatismo brasileiro. Na ocasião foi anunciado também que Pernambuco patrocinaria um barco brazuca/nordestino com as cores e força dos tambores do maracatu. Muito foi falado, festejado e acho até que teve gente montando a provável equipe. Eu mesmo apostava na alegria e irreverência do grande velejador pernambucano Guga, Ave Rara, para comandar o novo VO 65 pernambucano e tinha certeza que o barquinho iria voar baixo. Porém, tudo foi em vão e não passou de um sonho. Recife perdeu a chance para a africana Cidade do Cabo, mas o Brasil manteve Itajaí/SC como a única parada brasileira da regata. Quem sabe um dia!

Alguns momentos da XXV Refeno

Com o barco no porto

carcará em casa (1)Bem, já estamos de volta ao nosso velho e bom Avoante, depois de mais de um mês fora de “casa” participando da XXV Refeno e da regata Fernando de Noronha/Natal a bordo do Carcará I, que nos acolheu com muito conforto e provou ser um barco muito acima da média. Posso até dizer que me surpreendi com o Delta 36, um projeto moderno, arrojado, rápido e facílimo de velejar. O Carcará I já está muito bem atracado ao píer do Aratu Iate Clube e a volta de Natal para Salvador foi numa velejada fantástica em que pegamos uma excelente janela de vento e tivemos a companhia do amigo Ricardo Maia. Agora temos a tradicional faxina de barco fechado, que felizmente está sem a presença de mofo, e em breve o Avoante voltará a navegar pelo mar da Bahia.