Arquivo do mês: maio 2022

Novo dique flutuante em Natal

dique flutuante

Quando as coisas não servem para uma coisa devem servir para outras e está sendo assim com o alardeado Terminal Pesqueiro de Natal, que por “descuido” técnico dos seus idealizadores e projetistas, jamais entrou em operação, apesar das sucessivas e festivas solenidades de inauguração. Um espaço ao lado do Terminal foi cedido a uma empresa privada para abrigar um novo dique flutuante para realizar manutenções em embarcações de até 200 toneladas, o que deverá dar novo ânimo ao setor náutico, comércio e na geração de empregos.  Há muito Natal necessitava de um equipamento dessa envergadura para atender a navegação pesqueira e amadora. O único equipamento existente, o antigo Dique Flutuante Cidade do Natal, da Marinha do Brasil e sediado na Base Naval de Natal, era grande demais e inviável, em termos de custos, para a embarcações de médio e pequeno porte. O equipamento da armada naval brasileira foi construído há 78 anos nos Estados Unidos e incorporado a U.S. Navy. Em 1966 o dique de concreto, com 118 metros de comprimento e capacidade para 2,8 toneladas, foi emprestado a Marinha do Brasil que o adquiriu definitivamente em 1977. Neste 2022, após bons serviços prestados e necessitando cada vez mais de manutenção,  o dique octogenário foi posto a leilão e arrematado, segundo consta, por R$ 307 mil. O novo dique, de iniciativa privada, chega em boa hora, porque embarcações de médio porte ou pequenos navios que precisavam ser retiradas da água para manutenção abaixo da linha d’água, ou mais específicas, tinha que se deslocar até Areia Branca/RN, Fortaleza/CE,  Belém/PA ou Itajaí/SC a um custo médio de viagem de mais de R$ 50.000,00. Um dos primeiros reflexos do novo dique flutuante é a geração de empregos diretos. O equipamento começou a operar, em fase de teste, dia 19 de maio, e na primeira embarcação recebida já trabalham 19 funcionários, soldadores, montadores, caldeireiros, eletricistas, mecânicos, dentre outros. O professor da UFRN e especialista em pesca e aquicultura, Antonio-Alberto Cortez,  em entrevista ao Jornal Tribuna do Norte, destaca: “Tendo-se um estaleiro aqui, essas viagens para tão longe serão dispensadas. E todos os insumos relativos à necessidade da recuperação da embarcação são adquiridos no comércio local…Para operar o estaleiro, você vai ter uma série de técnicos, de pessoas capacitadas para atuar nos diversos segmentos laborais que a recuperação de uma embarcação exige…Na medida em que a recuperação da embarcação vai sendo procedida, toda uma demanda de insumos passa a ocorrer. Isso dinamiza, por exemplo, uma loja comercial no Alecrim que vende chapas de aço, por exemplo, e agora vai vender toneladas”. Ponto para a Cidade do Natal e mais um bom motivo a ser acrescentado as aspirações dos que sonham com a implantação de uma, ou várias, marina em Natal.

A última pedra de porto

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Hoje, 18 de maio de 2022, logo cedo um filme começou a rodar em minha memória, tendo como pano de fundo uma das mais belas paisagens desenhadas pelo Criador, a Baía de Camamu/BA. O filme produzido no longínquo ano de 2005 teve início com um homem franzino desembarcando no píer do Sitio Sabiá, um pedacinho do paraíso encravado na Ilha de Campinho.

O homem com uma vasta cabeleira anárquica, costeletas estilo Elvis, vestido apenas com uma sunga de banho, esboçando no rosto um sorriso de quem vivia a vida em toda plenitude, caminhou despreocupadamente sobre o píer, chegou ao palhoção do restaurante, deu um bom dia a todos, puxou uma cadeira, olhou a paisagem deslumbrante, suspirou e disse: “Sou encantado por esse lugar”.

Foi assim que conheci Grilo, uma usina em tempo integral para produzir bons papos, irreverência e bom humor. Durante quatro dias convivemos com ele no Sítio Sabiá e selamos a velha amizade dos homens do mar que em seu artigo único diz assim: “Por mais que passe água sob nossa quilha, por mais que os ventos nos obrigue a arribar, por mais que passem os anos, os deuses dos oceanos nos levarão a uma pedra de porto, nem que seja para darmos o último aperto de mão, o último abraço, o último sorriso ou para tomarmos a última cerveja”.

Eh, caro amigo Grilo (Álvaro José Vilas Boas de Castro), como eu queria que o tempo desse um retornê e me levasse até aquele mês de maio de 2016, no Aratu Iate Clube: “ – Que os bons ventos lhes tragam, avoantes!” – Estamos indo, amigo, de volta para a terra. “ – Não acredito!”

Foi nosso último aperto de mão.

Poema sobre a Morte

Santo Agostinho

A morte não é nada.
Eu somente passei
para o outro lado do Caminho.
Eu sou eu, vocês são vocês.
O que eu era para vocês,
eu continuarei sendo.
Me deem o nome
que vocês sempre me deram,
falem comigo
como vocês sempre fizeram.
Vocês continuam vivendo
no mundo das criaturas,
eu estou vivendo
no mundo do Criador.
Não utilizem um tom solene
ou triste, continuem a rir
daquilo que nos fazia rir juntos.
Rezem, sorriam, pensem em mim.
Rezem por mim.
Que meu nome seja pronunciado
como sempre foi,
sem ênfase de nenhum tipo.
Sem nenhum traço de sombra
ou tristeza.
A vida significa tudo
o que ela sempre significou,
o fio não foi cortado.
Porque eu estaria fora
de seus pensamentos,
agora que estou apenas fora
de suas vistas?
Eu não estou longe,
apenas estou
do outro lado do Caminho…
Você que aí ficou, siga em frente,
a vida continua, linda e bela
como sempre foi.

Nelson Mattos Filho

Das coisas do tempo

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O tempo tá bonito e chovedor em parte do mapa brasileiro nesse início de semana. No meu Rio Grande Norte os barreiros e açudes estão botando água pelo ladrão e fazendo a alegria do povo. Durante  final de semana,  13 a 15 maio, segundo os meninos que cuidam das coisas do tempo e eu assino embaixo, porque vi de ver, foi chuvarada de fazer cururu morrer afogado, com os pluviômetros cravando na marca dos 100mm. E ainda vem água por aí, pois as barras do nascente e do poente estão com cada boniteza de nuvens que benza Deus. Pras bandas do Sul um ciclone subtropical, com açoites de vento entre 90 a 110 km/h, deverá saracotear na terra e no mar, animado pelas bandas de raios e trovões, entre os dias 17 e 18. No mais é isso aí, mas se o povo do mar quiser um conselho, digo que sossegue o facho e bote as barbas de molho.  

No mundo dos poetas

Merwart-Nihilist

“Mas o que quer dizer este poema? – perguntou-me alarmada a boa senhora. E o que quer dizer uma nuvem? – respondi triunfante. Uma nuvem – disse ela – umas vezes quer dizer chuva, outras vezes bom tempo…”

Com essa frase triunfal de Mario Quintana tento entrar em um universo que não tenho a menor intimidade, mas que namoro com olhares de relance que, de tão brilhantes, denunciam a paixão e assim vou navegando tentando decifrar as nuvens, assim como a boa senhora de Quintana e ele foi mais além quando diz que, A poesia não se entrega a quem a define”. Eh! Não sei! Quem sabe um dia chego lá! Será? E assim fui atrás dos poemas do poeta sem rosto, sem lenço e sem documento, Álvaro de Campos, um dos heterônimos do magistral poeta Fernando Pessoa, e cheguei no que queria, Tabacaria, de 1928, um poema longo escrito por um homem com sentimentos de incerteza e perdido diante da estonteante velocidade das mudanças do mundo.

Tabacaria

Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.

Janelas do meu quarto,
Do meu quarto de um dos milhões do mundo que ninguém sabe quem é
(E se soubessem quem é, o que saberiam?),
Dais para o mistério de uma rua cruzada constantemente por gente,
Para uma rua inacessível a todos os pensamentos,
Real, impossivelmente real, certa, desconhecidamente certa,
Com o mistério das coisas por baixo das pedras e dos seres,
Com a morte a pôr umidade nas paredes e cabelos brancos nos homens,
Com o Destino a conduzir a carroça de tudo pela estrada de nada.

Estou hoje vencido, como se soubesse a verdade.
Estou hoje lúcido, como se estivesse para morrer,
E não tivesse mais irmandade com as coisas
Senão uma despedida, tornando-se esta casa e este lado da rua
A fileira de carruagens de um comboio, e uma partida apitada
De dentro da minha cabeça,
E uma sacudidela dos meus nervos e um ranger de ossos na ida.

Estou hoje perplexo, como quem pensou e achou e esqueceu.
Estou hoje dividido entre a lealdade que devo
À Tabacaria do outro lado da rua, como coisa real por fora,
E à sensação de que tudo é sonho, como coisa real por dentro.

Falhei em tudo.
Como não fiz propósito nenhum, talvez tudo fosse nada.
A aprendizagem que me deram,
Desci dela pela janela das traseiras da casa.
Fui até ao campo com grandes propósitos.
Mas lá encontrei só ervas e árvores,
E quando havia gente era igual à outra.
Saio da janela, sento-me numa cadeira. Em que hei de pensar?

Que sei eu do que serei, eu que não sei o que sou?
Ser o que penso? Mas penso tanta coisa!
E há tantos que pensam ser a mesma coisa que não pode haver tantos!
Gênio? Neste momento
Cem mil cérebros se concebem em sonho gênios como eu,
E a história não marcará, quem sabe?, nem um,
Nem haverá senão estrume de tantas conquistas futuras.
Não, não creio em mim.
Em todos os manicômios há doidos malucos com tantas certezas!
Eu, que não tenho nenhuma certeza, sou mais certo ou menos certo?
Não, nem em mim…
Em quantas mansardas e não-mansardas do mundo
Não estão nesta hora gênios-para-si-mesmos sonhando?
Quantas aspirações altas e nobres e lúcidas –
Sim, verdadeiramente altas e nobres e lúcidas -,
E quem sabe se realizáveis,
Nunca verão a luz do sol real nem acharão ouvidos de gente?
O mundo é para quem nasce para o conquistar
E não para quem sonha que pode conquistá-lo, ainda que tenha razão.
Tenho sonhado mais que o que Napoleão fez.
Tenho apertado ao peito hipotético mais humanidades do que Cristo,
Tenho feito filosofias em segredo que nenhum Kant escreveu.
Mas sou, e talvez serei sempre, o da mansarda,
Ainda que não more nela;
Serei sempre o que não nasceu para isso;
Serei sempre só o que tinha qualidades;
Serei sempre o que esperou que lhe abrissem a porta ao pé de uma parede sem porta,
E cantou a cantiga do Infinito numa capoeira,
E ouviu a voz de Deus num poço tapado.
Crer em mim? Não, nem em nada.
Derrame-me a Natureza sobre a cabeça ardente
O seu sol, a sua chuva, o vento que me acha o cabelo,
E o resto que venha se vier, ou tiver que vir, ou não venha.
Escravos cardíacos das estrelas,
Conquistámos todo o mundo antes de nos levantar da cama;
Mas acordamos e ele é opaco,
Levantamo-nos e ele é alheio,
Saímos de casa e ele é a terra inteira,
Mais o sistema solar e a Via Láctea e o Indefinido.

(Come chocolates, pequena;
Come chocolates!
Olha que não há mais metafísica no mundo senão chocolates.
Olha que as religiões todas não ensinam mais que a confeitaria.
Come, pequena suja, come!
Pudesse eu comer chocolates com a mesma verdade com que comes!
Mas eu penso e, ao tirar o papel de prata, que é de folha de estanho,
Deito tudo para o chão, como tenho deitado a vida.)

Mas ao menos fica da amargura do que nunca serei
A caligrafia rápida destes versos,
Pórtico partido para o Impossível.
Mas ao menos consagro a mim mesmo um desprezo sem lágrimas,
Nobre ao menos no gesto largo com que atiro
A roupa suja que sou, em rol, pra o decurso das coisas,
E fico em casa sem camisa.

(Tu, que consolas, que não existes e por isso consolas,
Ou deusa grega, concebida como estátua que fosse viva,
Ou patrícia romana, impossivelmente nobre e nefasta,
Ou princesa de trovadores, gentilíssima e colorida,
Ou marquesa do século dezoito, decotada e longínqua,
Ou cocote célebre do tempo dos nossos pais,
Ou não sei quê moderno – não concebo bem o quê –
Tudo isso, seja o que for, que sejas, se pode inspirar que inspire!
Meu coração é um balde despejado.
Como os que invocam espíritos invocam espíritos invoco
A mim mesmo e não encontro nada.
Chego à janela e vejo a rua com uma nitidez absoluta.
Vejo as lojas, vejo os passeios, vejo os carros que passam,
Vejo os entes vivos vestidos que se cruzam,
Vejo os cães que também existem,
E tudo isto me pesa como uma condenação ao degredo,
E tudo isto é estrangeiro, como tudo.)

Vivi, estudei, amei e até cri,
E hoje não há mendigo que eu não inveje só por não ser eu.
Olho a cada um os andrajos e as chagas e a mentira,
E penso: talvez nunca vivesses nem estudasses nem amasses nem cresses
(Porque é possível fazer a realidade de tudo isso sem fazer nada disso);
Talvez tenhas existido apenas, como um lagarto a quem cortam o rabo
E que é rabo para aquém do lagarto remexidamente

Fiz de mim o que não soube
E o que podia fazer de mim não o fiz.
O dominó que vesti era errado.
Conheceram-me logo por quem não era e não desmenti, e perdi-me.
Quando quis tirar a máscara,
Estava pegada à cara.
Quando a tirei e me vi ao espelho,
Já tinha envelhecido.
Estava bêbado, já não sabia vestir o dominó que não tinha tirado.
Deitei fora a máscara e dormi no vestiário
Como um cão tolerado pela gerência
Por ser inofensivo
E vou escrever esta história para provar que sou sublime.

Essência musical dos meus versos inúteis,
Quem me dera encontrar-me como coisa que eu fizesse,
E não ficasse sempre defronte da Tabacaria de defronte,
Calcando aos pés a consciência de estar existindo,
Como um tapete em que um bêbado tropeça
Ou um capacho que os ciganos roubaram e não valia nada.

Mas o Dono da Tabacaria chegou à porta e ficou à porta.
Olho-o com o desconforto da cabeça mal voltada
E com o desconforto da alma mal-entendendo.
Ele morrerá e eu morrerei.
Ele deixará a tabuleta, eu deixarei os versos.
A certa altura morrerá a tabuleta também, os versos também.
Depois de certa altura morrerá a rua onde esteve a tabuleta,
E a língua em que foram escritos os versos.
Morrerá depois o planeta girante em que tudo isto se deu.
Em outros satélites de outros sistemas qualquer coisa como gente
Continuará fazendo coisas como versos e vivendo por baixo de coisas como tabuletas,
Sempre uma coisa defronte da outra,
Sempre uma coisa tão inútil como a outra,
Sempre o impossível tão estúpido como o real,
Sempre o mistério do fundo tão certo como o sono de mistério da superfície,
Sempre isto ou sempre outra coisa ou nem uma coisa nem outra.

Mas um homem entrou na Tabacaria (para comprar tabaco?)
E a realidade plausível cai de repente em cima de mim.
Semiergo-me enérgico, convencido, humano,
E vou tencionar escrever estes versos em que digo o contrário.

Acendo um cigarro ao pensar em escrevê-los
E saboreio no cigarro a libertação de todos os pensamentos.
Sigo o fumo como uma rota própria,
E gozo, num momento sensitivo e competente,
A libertação de todas as especulações
E a consciência de que a metafísica é uma consequência de estar mal disposto.

Depois deito-me para trás na cadeira
E continuo fumando.
Enquanto o Destino mo conceder, continuarei fumando.

(Se eu casasse com a filha da minha lavadeira
Talvez fosse feliz.)
Visto isto, levanto-me da cadeira. Vou à janela.

O homem saiu da Tabacaria (metendo troco na algibeira das calças?).
Ah, conheço-o; é o Esteves sem metafísica.
(O Dono da Tabacaria chegou à porta.)
Como por um instinto divino o Esteves voltou-se e viu-me.
Acenou-me adeus, gritei-lhe Adeus ó Esteves!, e o universo
Reconstruiu-se-me sem ideal nem esperança, e o Dono da Tabacaria sorriu.

Corpo achado em veleiro ainda não foi identificado

Barco que estava a deriva

O ITEP/RN ainda não concluiu a identificação do corpo que estava a bordo do veleiro Mona-Mi F.S, encontrado a deriva na costa do Rio Grande do Norte, em 07 de maio de 2022. Até o momento o órgão de perícia trabalha com a hipótese de que o corpo seja do italiano Stéfano Magnani, natural da cidade de Bellaria-Igea Marina, situada na província de Rimini, porque assim dizem os documentos que estavam a bordo da embarcação. O Consulado da Itália, em Recife, está encarregado de fazer a busca para que seja colhido DNA dos familiares e assim ter a certeza de que o corpo é mesmo do proprietário dos documentos.  A bordo foram encontrados, um passaporte (vencido); um diário; documentos do barco; cartas náuticas; notas fiscais de serviços de reparos do barco e um GPS. Fonte: Tribuna do Norte 

Aviso aos navegantes

anima_alturaQuem pretende embarcar para dar uns bordos pelos mares do Sul e Sudeste, entre os dias 11 e 17 de maio, acho bom dar uma espiada nas previsões do tempo e atentar os ouvidos para os avisos aos navegantes, porque o reboliço promete ser grande nos domínios de Netuno. A animação do CEPEC/INPE dá uma dimensão da pauleira que sobe desembestada pelo litoral brasileiro. Quem avisa amigo é!

Veleiro Guga Buy de volta para casa

GUGA BUY

O veleiro GugaBuy, do comandante nota mil, Eduardo Zanella (Zanellinha), está de volta ao Brasil, depois de mais de quatro anos navegando nas águas geladas do fim do mundo, e quem conta um pouquinho da pernada da volta, deixando a gente com água na boca, é a velejadora arretada Chris Amaral, em sua página no Facebook. 

Por Chris Amaral

Ontem dia 10 de maio de 2022, às 14:30 a tripulação do Guga Buy zarpou rumo ao Atlântico, depois de mais de 51 meses navegando no Pacífico, na região Patagônica, nosso aventureiro Veleiro está voltando para o Brasil.

Eles passaram a noite em Cabo Gregório e zarparam de manhã para Punta delgada, o último ancoradouro para aguardar a mudança de maré e o vento sul para seguirem viagem até Puerto Deseado, na Argentina.

Sigo enviando os prognósticos de tempo para a tripulação 2x por dia.

Bons ventos tripulação do Guga buy.

Vou contar um pouco como é navegar no

Estrecho de Magallanes.

Todas as 5 vezes que passei por aqui, com 4 tipos de embarcações foi completamente diferente, o único denominador comum é a correnteza.

Em marés de lua cheia ou nova, que alcança até 11m, mantém um fluxo avassalador de águas, nas 2 primeiras angostura a maré enche no sentido Atlântico/Pacífico, em velocidades de 3 a 8 nós, e esquece tudo o que vc sabe sobre marés e correntes, existe um delay, de 2 a 3 horas para que se inverta a correnteza mesmo depois da maré começa a encher ou vazar.

A distância da porta de entrada do estreito de Magalhães, no Atlântico, até o fim da segunda angostura é de 90 milhas náuticas, com profundidades superiores a 70m no meio do canal.

Existem pouca ancoragens boas e seguras nesse trecho para aguardar a inversão da correnteza.

E ainda temos o vento, personagem mais intenso e presente nessas regiões, são os raros momentos de calmaria.

O elemento vento é uma presença forte, castiga, fustiga as árvores e os barcos.

Com todas as informações técnicas que existem hoje, as tábuas de marés, motores e tecnologia para navegação todas as vezes que passei por ali pensei em Fernando de Magalhães, Joshua Slocum, Fritz Roy, entre tantos outros que ali passaram. Qual seria o pensamento deles, como foi para Magalhães entrar num lugar que nem sabia se tinha saída?

E todos os velejadores sem motor, enfrentando aquelas correntezas e ventos constantes que sopram na maioria das vezes contra o seu rumo.

É um lugar para poucos sim, mas é um lugar possível, para quem se prepara.

Vem aí a Lua de Sangue

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Entre os dias 15 e 16 de maio a Lua estará brincando de esconde esconde com o Sol e a Terra e  toda a América do Sul poderá visualizar em situação especial mais um eclipse lunar total, bem visível em todas as suas fases e que muitos chamam de Lua de Sangue, porque a Lua adquire uma coloração avermelhada, por causa do desvio da luz solar para dentro da sombra, produzido pela refração na atmosfera terrestre. Quem perder este evento, por falta de interesse, esquecimento ou pelas diretrizes santificadas de São Pedro, terá que esperar até 14 de março de 2025, data que ocorrerá outro eclipse total tão grandioso.

Marinha emite nota sobre o veleiro encontrado ao largo de Natal

VELEIRO ENCONT

Sobre o veleiro, de bandeira estrangeira, encontrado a deriva a 14 milhas da costa de Natal/RN com o tripulante morto, a Marinha do Brasil, através do 3º Distrito Naval, informa que de acordo com ITEP/RN, o corpo em avançado estágio de decomposição é de um homem de nacionalidade italiana e chamava-se Stéfano Magnani, 52 anos. O consulado italiano em Natal foi acionado para que seja realizado os tramites legais.  O ITEP não informou a causa da morte.

 

 

Dando conta da chuva

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– Foi chuva, seu menino, foi chuva! O aguaceiro, com direito a coriscos e trovões, que desabou sob a capital potiguar no final da tarde desta quarta-feira, 04/05, foi para fazer valer os avisos do INMET que anuncia chuva forte em 55 municípios do Rio Grande do Norte, entre os dias 4 e 6/05. A chuvarada prometida, e pelo gráfico do CPTEC/INPE tudo indica que é promessa quente, enche de esperanças e alegria o coração daqueles que se avexaram a cortar terra e plantaram milho e feijão para os festejos juninos que este ano prometem forró até dar uma dor. Os meninos que pastoram o tempo dizem que a chuva de agora, pelos aceiros nordestinos, é consequência de uma cruviana que chafurda pelas bandas do Sul e deve de ser mesmo, pois esse mundão é pequeno, seu rapaz, e para a Mãe Natureza basta um querer. No mais, é colocar a garrafa de cachaça no fundo do pote, estirar a rede na varanda, dar uns cochilos, escutando o bater da chuva nas telhas, e sonhar com a panela de canjica saindo do fogo. – E a cachaça? – Pois é, vez por vez uma bicada!