Rapaz!!! Tem umas coisas que acontecem a bordo que a gente fica assim meio receoso de contar. As vezes ficamos remoendo o assunto em pequenas reuniões de amigos, e sempre tem gente que fica sem fôlego de tanto dar risadas. Mas, tem um ditado antigo que diz: “É melhor perder o amigo, do que perder a piada”. O assunto em questão não é bem uma piada, mas chega bem próximo. Tomara que o amigo em questão, e que eu não digo nem amarrado quem foi, não fique com muita raiva, mas se ficar, vou torcer para que nasça muito cabelo em sua cabeça.
Numa REFENO qualquer, o Avoante, como sempre entupido de amigos, deslizou suave entre os últimos colocados na linha de largada. Na verdade nosso veleirinho já é tão acostumado a sair no passo de tartaruga, que a gente nem se incomoda mais em espiar a flotilha indo embora e a gente ficando para trás. Para confirmar o que eu digo, já ganhamos até o troféu Tartaruga Marinha. Foi uma festa de lascar! Bem, vamos voltar para nossa história original. Largamos, atravessamos o canal do Marco Zero olhando a paisagem, demos uns 4 bordos para vencer a Boia Norte e Puff! Voltamos para consertar a roda de leme que estava querendo abandonar o barco. Aperta daqui e folga de lá, colocamos “ordem” na casa, ou melhor barco, e voltamos para a regata. Regata? A regata já havia saído a mais de 5 horas e nós ainda ali tirando onda de regateiro. Assim, traçamos o rumo e miramos a Ilha de Fernando de Noronha. Depois de um dia navegando em busca do paraíso, um dos tripulantes resolveu encarar o sanitário de bordo. Todos sabem que enfrentar um banheiro de barco, quando velejando, não uma coisa muito boa, principalmente para quem não está acostumado. Mas, o nosso amigo depois de muitas desistências e muitos dilemas, resolveu encarar a toca do leão. Desceu bem devagar, e tentando mudar o foco do pensamento, e assim caminhou contando os passos até o famigerado banheiro. Com os olhos fechados fez o que tinha de fazer, mas antes, já tinha se surpreendido com um cheirinho gostoso que se expandia no ar. Naquele devaneio aliviado de um número dois bem feito, ficou matutando de onde viria aquele cheiro maravilhoso que estava sentindo. Com seus botões comentou: “Poxa! Lucia cuida muito bem desse banheiro. Acho que é para a gente se sentir mais a vontade”. Terminou o serviço e o cheiro não saia do ar. Ficou novamente pensando: “Um cheiro muito parecido com uma pomada que eu não me lembro qual. É um cheiro muito parecido com bunda de menino novo. É um cheiro de…… HIPOGLÓS!!!!!” Rapaz, esse cheiro é no meu trazeiro! O caso foi o seguinte: Em conversa no clube, disseram a ele que para não ficar assado, nas partes baixas, deveria usar Hipoglós. Ele não contou conversa, gastou um tubo completo na buzança e ainda comprou mais três para uma eventualidade. Na hora de ir ao banheiro, ele estava tão preocupado em não enjoar que esqueceu da melança e ficou viajando na pomada. Ao retornar ao cockpit contou o ocorrido para a tripulação, a risadagem rendeu até o final da viagem. Como desgraça só presta grande e a turma não deixa barato, apelidaram ele de Capitão Hipoglós.