Arquivo do mês: janeiro 2020

Projeto Uma Palavra

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Dia 26 de janeiro o Projeto Uma Palavra teve seguimento com a palestra da enfermeira Silvana Aparecida de Oliveira, minutos antes da assembleia geral da Colônia de Pescadores de Enxu Queimado, acontecida naquele dia. Silvana atendeu nosso convite e se propôs a bater um papo com a comunidade e escolheu o tema Prevenção do Câncer de Próstata, assunto que, apesar do calor de um verão escaldante, deixou o auditório atento.

O Projeto Uma Palavra foi idealizado para “usar e abusar” dos conhecimentos profissionais, artísticos e culturais dos amigos que veem a nossa casa, para voluntariamente levar boas informações aos moradores da aconchegante praia de Enxu Queimado/RN, que sempre nos acolheu tão carinhosamente.

Silvana, em nome da comunidade, agradeço a atenção e obrigado por dividir com a gente um pouco dos seus conhecimentos.

Nelson Mattos Filho

31/Janeiro/2020

Cartas de Enxu 57

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Enxu Queimado/RN, 26 de janeiro de 2020

Carlinhos, como navegam as coisas em sua velha e boa Bahia? Tenho acompanhado tudo pelos buxinhos que escapam das linhas imaginárias que cruzam as cartas náuticas e que denunciam os rastros dos navegantes abençoados pelo Senhor da Colina Sagrada. Diante de tudo que chegam aos meus ouvidos, trazidos pelo eco dos ventos, defino que tudo vai bem, se bem que algumas coisas precisam de correções. O que seria da navegação se não existissem as correções, não é mesmo? Cabral que não as fez, acabou num sabe onde e condenando um povo a caminhar sem chegar a lugar nenhum. Aliás, ainda estamos nos descobrindo e com vontade de cobrir tudo novamente, porque a correção está difícil.

Amigo, tenho andado pouco por aí, pois essa vidinha de praieiro deixa a gente assim meio paradão. Não sei se é por causa do ar da praia, do marulhar das ondas, do bailar das folhas dos coqueiros, da observação das jangadas entre idas e vindas, dos alísios que por aqui transformam tudo em poesia ou simplesmente do calor apetitoso do Sol, que é um convite para um delicioso mergulho no mar de Enxu, mas é assim, a inércia tomou conta de mim e se não fossem as viagens a Natal, que me desloco de vez em quando para dar um cheiro em Ceminha, os passeios pelo mundo seriam apenas pela telinha brilhante do aparelhinho de celular ou na telona desse computador de mil e uma utilidades. Até meus escrevinhados ficaram raros e embalados no velho papel que se embrulha o deixe para depois, mas vou seguindo assim e quem sabe um dia dona inércia resolve tomar tento e passarei, novamente, a olhar o horizonte com o olhar de curiosidade. Quem sabe!

Meu amigo, escuto dizer que nos dias de hoje não é preciso sair batendo perna para conhecer e saber das coisas do mundo, porque tudo está muito bem nítido no bombardeio de informações que estamos recebendo instantaneamente e sem ter tempo nem de piscar o olho, o que é uma verdade não verdadeira, pois no mundinho digital, a mácula da desinformação exime o ônus da prova. Porém, digo que diariamente varo o mundo sem sair do lugar e ainda fico cansado, porque a caminhada, nas veredas das ondas internéticas, tem que ser ligeira, pois se vacilar, o bonde passa e o próximo é outro papo.

Comodoro, ultimamente minhas andanças estão voltadas para descobrir os caminhos que cercam essa prainha paraíso, que não são poucos, porém, esquecidos e incrivelmente abandonados. Enxu Queimado, no alto de seus 90 anos, tem um acervo paisagístico riquíssimo e uma maravilhosa história tendo o mar como pano de fundo. O Município de Pedra Grande, base desse pequenino povoado praia, e os distritos que lhe servem de satélites, foram aquinhoados com fascinantes tesouros naturais que se estivessem fincados em outros locais, ou mesmo países mundo afora, seriam bem vistos e valorizados. Na época das chuvas temos lagoas de águas cristalinas entre as dunas, assim como as que dão fama aos Lençois maranhense. Temos grutas subterrâneas como poucas no mundo. Uma fauna, apesar das ações desastrosas do homem, de fazer inveja a muitos parques ambientais. Uma flora exuberante e que de tudo dá, desde que se plante. E um povo dotado de um exuberante calor humano. Trilhas fabulosas, ornamentada por fábulas fascinantes, por entre a mata da caatinga. Tudo isso temperado por um clima maravilhoso e sem falar que foi nessas terras que oficialmente o Brasil teve início, em 7 de agosto de 1501.

Pois é, meu amigo Carlinho, muito do que escrevo aqui já foi dito em outras Cartas de Enxu, mas tem coisas que nunca é demais contar mais de uma vez e outras tantas forem preciso, para não caírem no esquecimento, ainda mais em uma região tão cruelmente desassistida. Costumo dizer que hoje vivo no Brasil real, como era real aquele Brasil em que vivi a bordo do Avoante, em que a fala das promessas se perdem no vazio das ações. Essa semana os portais de notícias deram conta de que a China, que enfrenta uma grave e mundialmente preocupante epidemia do coronavírus, surto que tem deixado a medicina feito barata tonta, está construindo um hospital com mil leitos, que deve ficar pronto em seis dias, somente para atender os casos diagnosticados. Diante da notícia tão valiosa e de priorização com saúde humana, olho para as nossas Unidades Básicas de Saúde, muitas delas há anos ainda em fase de projeto e construção, e as que estão em funcionamento, com indecifráveis faltas de equipamentos, medicamentos e estrutura de pessoal, e indago: – Poxa, Seu Cabral, porque não corrigiu a rota de suas Naus?

Carlos Santana, ou melhor, Carlinhos do Xéu, tenho saudades da sua Bahia e da alegria carinhosa do píer do Angra dos Veleiros, um dos portos seguros do Avoante na terra dos Orixás. Ainda lembro de suas palavras certa vez em que atraquei no Angra: – A alegria voltou! Sejam bem-vindos, Nelson e Lucia! Pois é meu amigo, quero dizer a mesma coisa no dia em que você chegar sob a sombra dessa nossa cabaninha, mas não se avexe, pois garanto deixar os assuntos comentados nessa cartinha, bem longe da sua alegria contagiante.

Grande abraço e antes do ponto final, digo que a Lua iniciou a fase de crescimento e a Lua cheia por aqui é linda. Venha conferir!

Nelson Mattos Filho

Adeus, velejador

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Na manhã deste domingo, 19/01, ao abrir o facebook, de cara vi uma postagem da amiga Rita Holanda, em um grupo de velejadores, perguntando se alguém poderia informar os números para contato do casal Vera e Davi Hermida, e daí acendeu uma luz amarela em minha cabeça e imediatamente me veio a imagem do velejador e jornalista Sérgio Macedo, que tive a alegria de conhecer em 2011 na ancoragem em frente a marina da Ilha de Itaparica/BA. Naquele tempo o casal Sérgio e Rita subiam a costa brasileira a bordo do veleiro Yanam e diante do mar de Itaparica semeamos e regamos uma boa amizade. Sérgio, turrão, polêmico, dono de uma personalidade forte, as vezes malcriada, mas sempre se colocava em primeiro lugar quando o assunto era bem servir um amigo, principalmente os que vinham do mar. Rita, um doce de pessoa, igualmente prestativa e selou com Lucia uma forte e sincera amizade logo nos primeiros segundos do nosso encontro, diante de alguns baldes de chumbinho, mariscados na Coroa do Limo. A partir daquele ano, o casal Yanam se separou, Sérgio continuou morando a bordo e Rita mudou o rumo da vida seguindo os caminhos urbanos.

Me perguntei: – O que será que a Rita deseja? A resposta estava em um grupo de velejadores, no WhatsApp, e não foi diferente da sensação que havia sentido ao perceber a luz amarela acesa lá no centro do meu cérebro, porque um comunicado da marina de Itaparica, informava que o velejador Sérgio Macedo havia falecido e imediatamente, como sempre acontece quando perdemos pessoas que queremos bem, os menininhos dos arquivos da alma, começaram a rodar os empoeirados rolos de filme dos bons e maus momentos vividos.

Sérgio Yanam foi um dos bons parceiros que tive no mar e sempre teve por mim e Lucia muito carinho e atenção. A última vez que o encontrei foi em 2016, quando coloquei um velho bote inflável do Avoante para ser vendido no brechó náutico da marina Píer Salvador, no bairro da Ribeira, em Salvador. Quando recebi uma mensagem da gerencia do brechó dizendo que tinha uma pessoa interessada, mas queria fazer uma oferta. Quando soube que era o Sérgio, pensei em desistir da venda para ceder-lhe o bote, mas ele insistiu em pagar e disse que se eu não aceitasse desistiria da compra. Aceitei o valor por ele proposto e fomos comemorar o fechamento do negócio com uma cerveja estupidamente gelada no bar do João, na marina Angra dos Veleiros. Ao se despedir, falou assim: Poxa, Nelson, sinto falta dos nossos bate-papos, pois gosto muito de vocês. Dá um beijo em Lucia! Nunca mais avistei o Sérgio, mas sempre me chegaram notícias suas e as últimas me deixavam tristes, porque davam conta que sua saúde merecia cuidados.

Sérgio, vivia só a bordo do Yanam e insistia em se manter morando no veleiro. Longe da família, dos amigos e mantendo distância de todos aqueles que não aceitavam seus ideais de mundo, mas era um cara de conversa fácil e inteligente. Seu grande inimigo era ele mesmo.

– Poxa, Sérgio, vou sentir falta dos nossos bate-papos, pois gostava muito de você, cara! Vá em paz, meu irmão do mar e que os deuses dos oceanos confortem sua alma que sempre clamou liberdade!

Nelson Mattos Filho

19/Janeiro/2020

Cartas de Enxu 56

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Enxu Queimado/RN, 16 de janeiro de 2020

Sabe minha irmã, durante a fração de vida vivida a bordo do veleiro Avoante, todo fim de tarde adorava sentar no cockpit para sentir o pulsar do coração da natureza, ouvir ao longe os ecos das vozes e sons que vinham das cidades diante da ancoragem e pedir bênçãos aos deuses para que aquele momento de paz, emoldurado pela magia do pôr do sol, que jamais se apresentou com a mesma roupagem, chegasse a cada pedacinho do planetinha azul, principalmente as bucólicas e aconchegantes comunidades ribeirinhas em que deixamos tantos e queridos amigos com água nos olhos. Agora, morando embaixo da sombra gostosa dessa cabaninha de praia, estendida sobre o chão de uma Enxu mais bela, tento repetir o velho costume, mas a vida urbana é complexa demais para aliviar a alma. – E o pôr do sol? – Pois é, o pôr do sol!

Grace, falando assim você pode achar que estou com saudade do mar e pode apostar que sim, mas vou driblando essa saudade diante da pequena nesga de oceano que consigo mirar da varandinha da cabaninha, só não sei até quando, porque as cidades exigem progresso e o progresso não aceita e nem reconhece caprichos. Aí você diria: – E porque não mora em uma casa de frente para o mar? Digo: – Bem que poderia, mas assim eu iria sonhar um sonho vivido, vivendo diante de um sonho sonhado. Ficou difícil de entender, não foi? Mas não se avexe, porque também é difícil de explicar, pois esse é um segredo que nem os poetas contam, porque não sabem contar e os que sabem não contam, por medo de perderem a conexão com a alma. – E o pôr do sol?

Minha irmã, dia desses descobri que não tenho mais tempo para o pôr do sol, não que eu não queira, mas a cidade não me permite. Quando morava em uma casinha balançante sobre o mar e meus passos deixavam poeiras de espumas e plânctons em uma esteira que se perdia em pensamentos, o pôr do sol era um quadro pintado e emoldurado por contornos mutantes. A hora da despedida do Astro luz era um grande momento de reflexão e redenção diante da indecifrável magnitude da natureza. Aquele espetáculo me dizia tudo o que era preciso saber daquele dia que se despedia, dos dias que viriam, e a ele me rendia de corpo e alma. Era uma vida medida pelos quartos de tempo e não pelos ponteiros do relógio. A madrugada com suas sombras era o primeiro quatro, o dia com seus brilhos era o segundo, a tarde com seus lusco-fuscos era o terceiro e a noite com seus mistérios fechava o ciclo da vida e assim o veleirinho seguia cambaleante e inebriado em sua saga de bem singrar os mares e nos dar prazer.

Grace, apesar dessa cabaninha encravada em meio a uma maravilhosa natureza viva, onde cantam livres os passarinhos e os alísios aliciam as dunas em um namoro desavergonhado, o pôr do sol visto da varadinha é notado apenas pelas cores pintadas na tela azul do céu e denunciado pelos rebanhos de carneiros que passam na rua de volta a segurança dos cercados. Sei das suas cores, sinto seu pulsar e até escuto o sussurro de sua voz querendo me falar as novidades, mas a inércia me prende sob a cabaninha e assim ele se vai. Ele tem paciência e sabe que um dia novamente estarei postado diante do seu altar. E eu? Fico perdido em uma angustiante desfaçatez.

Mas minha irmã, não se apegue aos meus lamentos, porque são apenas palavras ditas para anestesiar as dores da alma e sempre que posso, e algum amigo me atenta, largo o conforto da cabaninha e me posiciono diante do crepúsculo, mas confesso que não consigo decifrar as palavras que ali estão tão explicitas. Meus sentidos ficam dispersos em meio as vozes urbanas e por mais que tente manter a concentração nada consigo. O que me resta é me render diante da beleza, que nunca é igual.

Foi com esse sentimento que no segundo sábado de janeiro fui com amigos assistir ao espetáculo a beira mar. Levei a máquina fotográfica, umas cervejas geladas para variar, e caminhei sozinho em busca dos melhores ângulos. Naquele dia registrei os últimos movimentos do grande rei e até vi em seu olhar a esperança de me contar boas novas, mas baixei a vista, porém, sem antes deixar de notar em seu rosto um leve sorriso de alegria em me ver ali tão próximo.

Grace Lopes Mattos Barbalho, minha irmã caçulinha, desculpe essa carta tão carregada de insatisfações, mas hoje acordei com saudades do mar, do pôr do sol e precisava contar isso para alguém. A magia do crepúsculo solar sempre me fascinou, mas a partir do momento que soltei as amarras e me vi no mar, para mim ele se tornou um deus.

Quer saber? Venha aqui, minha irmã, venha e traga Jailson para falarmos mais sobre esse tema sobre as areias macias dessa prainha paraíso e prometo te levar para ver um dos mais belos pôr do sol do universo, apesar de eu estar momentaneamente alheio aos seus segredos. Venha, pois estamos na safra da azeitona e os pés estão todos carregados com frutos da melhor cepa. Venha e traga Ceminha, pois quem sabe ao lado dela, recupero a linguagem que vem do Sol.

Beijo!

Nelson Mattos Filho

Cartas de Enxu 55

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Enxu Queimado/RN, 08 de janeiro de 2020

Olá, comandante dos mares de Iemanjá e dos oceanos em que navegam as Naus das boas amizades, embaladas por ondas de afagos, risos, bons papos e temperadas com o néctar colhido nos mais puros canaviais das terras banhadas pelo belo Rio Cunhaú, “água de mulher” segundo o alfabeto tupi, que guarda no fundo do seu leito bons arquivos da história da nação dos potiguares.

Velejador, como vão os aprendizados, colhidos do alto da colina em sua aguçada observação, sobre o suave voo das velas que riscam as águas e dão ar de fascinação a Praia de Barra do Cunhaú? Para não perder a vez: Ergamos um brinde! Saúde!

Amigo, respondendo sua pergunta, feita nos primeiros passos deste ano que marca rumo ao futuro, sobre como estavam soprando os ventos nas bandas por onde o vento faz a curva, digo que sopram faceiros, preguiçosos e mornos vindos das paragens do Norte. Daí, lembro que o poeta arriscou falação e disse, enquanto jurava mentiras em sua caminhada solitária, que os ventos do Norte não movem moinhos e ainda bem que ele assumiu os pecados, pois se tivesse deitado o corpo sob o frescor das palhas do coqueiral dessa Enxu mais bela, veria outros segredos. Mas antes da correção dos incautos, vou dizer que a arte tem interpretações diversas e segundo se conta a boca pequena, os arrodeios do poeta de sangue latino contava a história do sofrimento de um povo, o que não é o caso desse aprendiz de escrevinhador que tenta ser o que não é e da varandinha dessa cabaninha de praia, olha para os modernosos e gigantescos catadores de vento, da eólica, apontados para os ventos que vem do Polo de riba e se arvora a desmiolar o juízo em palavreado amalucado e tomara ter respondido sua pergunta.

Érico, tenho andado meio disperso nos escritos, mas não é por falta de assunto, pois nesse povoado praia o que mais tem é assunto para assuntar. Porém, essa tal de rede social é bicho tinhoso para nos meter em caminhos tortuosos e ainda por cima é danada em nos enganchar em bate-boca e o pior, com gente que nem conhecemos nem mais gordo, nem mais magro, mas um tal de logaritmo afirma que somos amigos desde de criancinha e quando damos por fé, entre uma vírgula e um ponto, lá vai a “amizade” para o beleléu. Pois bem, a gente fica passando o dedo, para cima e para baixo, na telinha e nem percebe que o tempo passou e com ele as ideias dos escritos.

Comandante, a virada do ano por aqui foi na paz que sempre se deu e atesto que nem precisava das tais bandas que se apresentaram com repertório de nem sei o que dizer. Nas festas de Ano Novo, o largo da beira mar, uma pracinha de apetitosa areia branca, vira um grande salão de abraços, apertos de mão, declarações de amizades, crianças brincando despreocupadas, adultos em largos sorrisos e tendo as ondas do mar como testemunha e a Senhora dos Navegantes como fiel guardiã. As badaladas da meia noite são festejadas ao som do pipocar de fogos, que este ano disseram que foi pra mais de 13 minutos. Se foi ou se não foi não dou por certo, pois sempre me atrapalho com as bolhinhas do espumante e daí já viu, né! Juro que queria saber quem danado inventou essa história de beber champanhe em virada de ano. Se era para fazer espuma e esparramar pelo chão, bastava uma Brahma, num é não?

Mas a festança começa mesmo é pela manhã com a tradicional regata de fim de ano e este ano, para não fugir à regra e nem do costume da gozação, o barco de Pedrinho, com ele no governo, chegou em derradeiro. O pior, sempre que estou por aqui ele me convida para fazer parte da tripulação e até já gastei todo o rol das desculpas, mas por enquanto vou me livrando do mico, ou melhor, do burro, pois quem chega por último, ou comete a maior barbeiragem, tem que passear em meio a turma montado num burrico. Meu amigo Pedrinho, no comando do Brasil 1, não perde uma viagem!

Caro amigo, Érico Amorim das Virgens, naquele dia em que você perguntou sobre os ventos que estavam soprando por aqui, juro que imaginei que havia chegado a hora de ver a Musa jogando o ferro no portinho de Enxu e até pedi a Lucia que preparasse uma moqueca das boas e arrochasse na farinha do pirão, pois logo, logo você riscaria o horizonte, mas foi só a vontade, porque fiquei sabendo que seu belo paquete mais uma vez havia desbravado a brava barra do Cunhaú e naquele momento descansava feliz diante da estonteante paisagem que cerca as terras dos Santos Mártires. Porém, não esqueça que me deve uma visita, se bem que te devo bem mais do que uma, mas conta é assim mesmo, quando a gente deve dá preguiça de lembrar!

Amigo, deixa eu te contar um segredo: Ganhei uma garrafa de Samanaú envelhecida, presente de minha irmã Margareth, que vive me acenando, mas nem dou cabimento a ela. Que tal vir aqui para tirar essa história a limpo?

Grande abraço.

Nelson Mattos Filho