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Rampa. A história jogada no esgoto

Rampa

Tem coisas que vão passando despercebidas, apesar de estarem escancaradas em nossa frente, e quando em algum dia qualquer do futuro pretendemos resgatar o tempo, encontramos apenas desencontros de palavras, promessas vãs, dissimulações governamentais e o abandono nu e cru. A história é mesmo uma velha rabugenta que adora se mostrar rodeada de fantasmas. A Rampa, uma antiga base de hidroaviões em Natal/RN e por sua posição estratégia serviu de palco para a entrada do Brasil na Segunda Guerra Mundial, acordo selado entre os presidentes Getúlio Vargas e Franklin Roosevelt, há tempos pede socorro e há tempos vem sendo esquartejada na tentativa, dos seus algozes, de esconder a vergonha causada pela falta de zelo com um patrimônio histórico. Juro que não sou tão velho assim, apesar dos meus cabelos brancos, mas frequentei a Rampa, na companhia dos meus pais, quando ali funcionava um dos melhores restaurantes de Natal. Foi dessa época que veio minha paixão por construções antigas e sempre tive o velho prédio debruçado nas águas do Rio Potengi como referência. O restaurante se desfez no tempo e o velho prédio, que na época era propriedade da Aeronáutica, foi sendo jogado aos cuidados dos ratos, baratas e toda milacria que adora reinar diante do descaso dos homens. Uma parte da massa esquartejada foi parar nas mãos do Iate Clube do Natal. Outra, depois de exalar mal cheiro, recentemente foi entregue aos cuidados da Marinha do Brasil que decidiu construir a sede do Terceiro Distrito Naval e ergue no local uma estranha construção tapando uma das mais belas paisagens do pôr do sol da capital potiguar e jogando uma boa quantidade de cal sobre um passado de glórias. O coração dilacerado da Rampa, que ainda pulsa fraquinho entre os escombros das paredes e arcos da velha construção, dia desses se animou com ecos de discursos zoados em torno de uma placa que anunciava a revitalização do espaço. Confesso que olhei para aquela placa e não senti bons fluídos nos seus escritos delirantes, mas mesmo assim pedi perdão pela minha falta de confiança nas intenções daqueles que se dizem autoridades. O caro leitor pode até achar que essa minha indignação não cabe nas páginas de um diário de bordo de um veleiro de oceano, mas é preciso dizer que a Rampa é parte importante no nascimento do esporte a vela potiguar. Sempre que navego no traves daquele belo prédio esquecido sinto vergonha, e mais vergonha ainda sinto em tentar responder o que não tem resposta, quando alguns tripulantes do Avoante indagam sobre a velha construção abandonada. A Rampa hoje representa apenas um troféu para coroar egos e o lixo que entope seus espaços, pano de fundo para o ringue de lutas demagógicas. O nosso Brasil é coalhado de histórias iguais a essa e a grande maioria são encontradas banhadas pelas águas dos nossos rios e mares. Mas não é nesses locais que jogamos os esgotos das cidades? Boa pergunta.

Esse assunto me veio machucar os pensamentos depois que li a matéria A guerra que Natal esqueceu, assinada pelo jornalista Itaercio Porpino, nas páginas do jornal Tribuna do Norte. Click no link sublinhado e veja a matéria completa.    

Um marco para a navegação

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“…Essa é a cidade de um deus mar, de um deus mar que vive para o sol…” Pedro Mendes, cantor e compositor potiguar, musicou Natal/RN de um modo mais belo impossível e olhe que nem sei se um dia ele já se fez ao mar para ver a Cidade do Sol de frente. De lá ele veria três Reis Magos seguindo o brilho de uma estrela e dai seus versos seriam cada vez mais encantadores. Ponte Newton Navarro, um grande marco de referência da Barra de Natal e que pode ser avistado a quase 20 milhas náuticas. Não se perca, mas conte com muito cuidado as pilastras dos estaiamentos.      

Brindando o retorno do veleiro Amazonas

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É muito legal rever os amigos que saem para uma navegada pelos mares do mundo e retornam em paz e com saúde. Ontem, 12/08, fomos abraçar o amigo Eduardo Zanella (Zanellinha) que retorna de uma temporada no Caribe, como comandante do veleiro Amazonas, um belo e luxuoso barco de madeira, que está de passagem pela Bahia. Foi uma noite chuvosa e de muita descontração na companhia dos amigos Luiz, Gileno, Cassia, Hugo e Catarina, saboreando os famosos acarajés e abarás da Cira, levados pelo casal Hugo e Catarina, e também uma pequena porção de uma receita de bacalhau preparada pelo chef Luiz, tudo regado com o mais puro Rum caribenho. Quem não gostou muito foi o Zanellinha, que estava guardando a porção de bacalhau a sete chaves para o lanche da madrugada, mas perdeu a iguaria para a curiosidade gastronômica aguçada de Lucia. O veleiro Amazonas já foi motivos de outros post em nosso blog quando de sua estadia em Natal/RN na ida para o Caribe em 2011, entre eles: Uma noite especial no veleiro Amazonas. Alias, todas as recepções no veleiro Amazonas são especiais.  

Notícia preocupante

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Quando será que teremos essa risada gostosa de volta ao nosso convívio. O nosso amigo Antônio Carpes que embarcou numa navegação complicada e demorada entre Natal/RN e o Arquipélago de Cabo Verde, como tripulante do veleiro português Oliver, está em dificuldades e sentindo na pele o que é o poder arbitrário das autoridades. Todos que acompanharam a velejada do Oliver pelo sinal do localizador SPOT, se angustiando com os avanços a passos de tartaruga devido aos ventos e correntes que marcam as águas do Atlântico, sabem que a viagem não foi fácil. Para marcar ainda mais essa viagem na cabeça do Antônio, ele ainda teve os dedos da mão quebrados por um aperto de uma adriça. Agora todo feliz em voltar para o Brasil, na hora do embarque no aeroporto as autoridades de Cabo Verde alegam que eles demoraram muito na viagem, que essa demora pode indicar algum tipo de contrabando e por isso prenderam o nosso amigo para averiguações. Até o momento, 22:35 horas de Quinta-Feira, essas são as informações que recebi da Rosangela, esposa do Antônio, que está super apreensiva e preocupada para não fazerem nada com o seu amor. Antônio é uma alma boa, amiga e uma pessoa que merece todo nosso apresso e atenção. Segundo Rosangela, o Itamarati já está sabendo do acontecido e esperamos que Antônio retorne o mais breve possível. Quem puder contribuir de alguma forma para resolver essa situação, a família e os amigos do Antônio agradecem.