VIDA A BORDO


UMA VIDINHA SIMPLES

                                   Viver a bordo de um veleiro é o sonho de muita gente. Transformar esse sonho em realidade é o grande problema. Quando se começa a pensar na questão financeira o sonho se torna uma grande utopia. Muitas vezes esse problema nem existe, mas como temos por base a vida em terra, fechar essa equação exige a queima dos neurônios.

                                   Morar num veleiro ou dar a famosa volta ao mundo em um veleiro, não tem muito haver com a situação financeira de ninguém. Se bem que, o dinheiro e uma boa base financeira ajudam um bocado.

                                   Se formos pesquisar quantas pessoas resolveram embarcar nessa vida, teremos uma população náutica bem considerável. Não tenho esse numero, mas a quantidade de brasileiros que moram a bordo, no Brasil ou dando uma voltinha pelo mundo é grande.

                                   A grande maioria são pessoas sem muitos recursos financeiros, que venderam um bem imóvel é hoje levam uma vida viajando pelos mares do mundo, vivendo uma vida que nunca teriam se continuassem encalhados nas cidades. Alguns vivem de aluguel, poupança, ações, contratos de patrocínios, aluguel da embarcação, trabalhos em outros barcos e outras fontes. Não é fácil, mas em compensação é uma vida muito livre.

                                   Fazer o planejamento financeiro é muito importante, mas nada de excepcional. Muitos velejadores gostam de fazer projeções alarmantes e até meio fantasiosas sobre quanto se precisa, mensalmente, para se viver bem a bordo. Mas isso é uma questão muito pessoal. Como em terra, a vida a bordo segue de acordo com o padrão de cada um. Não existe uma formula única.

                                   Sair pelo mundo navegando não é preciso ser aposentado. Não é preciso ser rico. Não é preciso vender a empresa, para quem não tem uma boa diretoria, mas eu particularmente acho que quanto menos se deixar compromissos em terra melhor. Mas se a pessoa tiver um emprego não tem como fazer, é largar e cair no mar com a cara, a coragem e o dinheiro da rescisão na carteira.

                                   O profissional liberal, ainda tem a vantagem de voltar a exercer a profissão quando retornar e se um dia retornar. No Brasil ele pode exercer a profissão em qualquer parte.

                                   A bordo, o custo de vida é relativamente barato e não se deve abrir mão do controle. Despesas com marinas, restaurantes e manutenção do barco devem ser muito bem analisadas. As marinas e clubes náuticos têm preços muito variados. Antes de fazer uso dessas instalações, devem-se pesquisar as ofertas. A cobrança é feita pelo tamanho da embarcação. Portanto até a compra do barco tem de ser bem planejada. Além disso, na maioria dos lugares, o uso de marinas é completamente dispensável.

                                   Despesas com restaurantes é outra grande sangria. Se não tiver outra opção e não souber mesmo cozinhar, é procurar um restaurante que sirva uma comida caseira e que caiba dentro do orçamento diário. Se for um bom cozinheiro, é manter a despensa abastecida, sem supérfluos, e aproveitar as horas livres para aperfeiçoar os dotes culinários, curtindo o prazer de um almoço ou um jantar a bordo com amigos.  

                                   A manutenção do barco, outra ralo de saída do caixa, deve ser feita o máximo possível pelo próprio velejador. Um técnico, somente para trabalhos mais complexos e que exija muito conhecimento.   

                                   Despesas com vestuário e calçados quase não existem. O espaço no barco é muito pequeno para o acumulo de roupas. Uma boa roupa de tempo, quatro camisas, quatro bermudas, uma calça, um tênis e um chinelo de borracha já é um guarda roupa de alto luxo para quem mora num veleiro.

                                   A vida a bordo não é uma vida alternativa, ela é apenas cheia de boas alternativas.                                 

Nelson Mattos Filho

Velejador

8 Respostas para “VIDA A BORDO

  1. Oi Nelson, primeiro parabenizo-o pela matéria esclarecendo pontos importantes. Estamos estudando viver a bordo dentro de uns 4 anos, após a aposentadoria (pode parecer que ainda falta muito tempo, mas tenho certeza que vai passar logo). Tenho pesquisado bastante sobre o assunto. Tenho visto que nos EUA os preços de veleiros são bem mais atrativos que no Brasil. Você saberia dizer se há possibilidade de traze-los para o Brasil?

    Curtir

    • diariodoavoante

      Paixão, primeiro gostaria de agradecer por acessar o Diário do Avoante e fico feliz de ter contribuído de alguma forma com seu sonho de morar a bordo. Os barcos lá fora são mais baratos do que no Brasil, mas infelizmente não podemos importar barcos usados. Os barcos novos podemos importar, mas os impostos chegam a quase 100% do preço. Somente mais um conselho: não espere se aposentar para ter um veleiro e morar a bordo, faça uma força e levante as velas mais cedo.
      Abraços, Nelson

      Curtir

  2. Roseli Aparecida vizintini

    Pensando….só pensando…. Calculando tudo….principalmente a vida bem vivida. Obrigada pelas dicas! rose

    Curtir

  3. ESTOU PENSANDO SERIAMENTE EM MORAR A BORDO DA QUI UNS 2 ANOS , HOJE TENHO UMA LANCHA 28 PÉS MAIS PRETENDO COMPRAR UM CATAMARA DE 40 A 45 PES.

    vOU REALIZAR ESSE SONHO COM CERTEZA.

    Curtir

    • diariodoavoante

      Caro leitor, infelizmente não pude visualizar seu nome, mas vamos lá: Vou responder as duas perguntas que você fez, uma na página Barcos a Venda e outra na Vida a Bordo. Fico feliz por essa sua decisão de um dia morar a bordo de um veleiro, pois com certeza você terá a melhor experiência de vida. Pesquisando muito e visitando marinas, clube náuticos e sites de compra e venda de embarcações você consegue algo com esse valor, mas mesmo assim veja no site do estaleiro Bate Vento. Eles fabricam um 35 pés que é uma jóia rara. Um grande abraço e felicidades, Nelson

      Curtir

  4. Olá, muito bom artigo, quando mais leio, maior a vontade de me jogar nessa vida. Atualmente moro nos EUA, já cidadão, fazem 2 meses que venho lendo muito sobre a vida a bordo, tenho já alguns “focos”. Atualmente estou esperando uma indenização do meu emprego, pois me acidentei e coloquei alguns pinos na coluna, então todo tempo que tenho estou aqui “fuçando” a internet inteira sobre o tema, gostaria de lhe desejar parabéns pela inciativa de uma vida assim. Adoro aventuras, a maior delas foi ter me formado como Tenente Temporário do Exército, onde escolhi servir em Brasília, coordenava a segurança do Palácio do Planalto no governo Lula, enfim, hj estou aqui, e ainda tenho 29 anos. Mas decidido do que quero, “uma vida no mar”.
    Se me permite o espaço gostaria de fazer algumas perguntas. Eu sendo um americano, posso comprar um Cat aqui e viver com ele no Brasil? É viável comprar um Cat usado? Construir um no Brasil seria algo compensador, considerando custo X benefício?
    Sei que pode parecer estranho um maluco qualquer chegar em seu blog e fazer tantas perguntas, mas só queria uma luz, para que aquele meu “foco” fique mais objetivo ainda.
    Muito obrigado, e mais uma vez parabéns.

    Curtir

    • diariodoavoante

      Raphael, para mim foi uma alegria receber seu comentário, ainda mais vindo de tão longe, e mais feliz ainda por estar contribuindo para a realização de um sonho. Pode perguntar a vontade que terei o maior prazer em responder. Quanto a comprar um Cat nos EUA e vir a viver com ele no Brasil, pela legislação do Brasil você somente terá essa permissão se o barco for novo e pagar todas as taxas de importação. Se for um barco usado nem pensar, já que você é brasileiro nato. Construir no Brasil é viável e no Maranhão e na Bahia tem alguns projetos muito bons na faixa de preço de R$ 600 a R$ 950 mil, barco pronto. Não perca nunca nunca o foco no seu sonho. Um grande abraço, Nelson

      Curtir

Deixe um comentário