Arquivo da tag: turismo

Boletim de Verão IV

1705870717001

O título de Caribe do Nordeste coube bem no portal de entrada da Praia de Barra do Cunhaú/RN, para mim, a mais bela praia do litoral do Rio Grande do Norte, dona de uma geografia que reúne os mais encantadores elementos da natureza que dão a paisagem um enquadramento perfeito, mar, rio, dunas, coqueiros, manguezais, mata, morro e uma cidadezinha praieira que se debruça sobre o cenário. Barra do Cunhaú está localizada a 85 quilômetros de Natal, e pertence ao município de Canguaretama.

IMG_0013

É difícil não se apaixonar pela Barra, como carinhosamente batizam nativos e veranistas, porque a primeira moldura paisagística, de quem chega pela estrada, é de encher a vista e não tem como não querer registrá-la em fotografia. Ao cruzar o portal de entrada e seguindo pela estradinha que margeia o Rio Cunhaú, a sensação é de ter chegado a um bucólico e fascinante paraíso, daqueles vistos somente em filmes e sonhos. Mas o bucólico fica restrito a primeira impressão, porque a fileira de bares, a praça de eventos e a barulheira das músicas – músicas? –, que ecoam por lá, alteram o tom da sonata paradisíaca.

IMG_0081 

É envolvido nesse clima que me vejo todas as vezes que vou a Barra do Cunhaú e foi com brilho nos olhos e alegria na alma, que cheguei por lá dia 17/01, para conhecê-la por ângulos que jamais avistei e sentir o esplendor e a magia de suas entranhas, atendendo ao convite do casal Érico Amorim e Renata, proprietários de uma aconchegante cabaninha praiana no alto do morro, com uma privilegiada varandinha para dar conta dos ventos, das marés, do movimento das embarcações, tudo temperado com uma deliciosa pareia de cachaça com caju, e bons papos.

IMG_0008

Na companhia do casal anfitrião e do casal Lindolfo Sales e Angelina, veranistas de outrora e conhecedores dos segredos daquelas paragens, atravessamos o rio, no paquete de Érico, e fomos nos refestelar no banho de águas claras, mornas e calmas da Praia da Restinga, na divisa da Barra com Baía Formosa. Na Restinga o visitante pode desfrutar de algumas redes armadas dentro d’água, fazer passeios de barcos, explorar a região em buggies, carros 4×4 ou fazer inclusive nada, bastando sentar na areia branquinha e apreciar a paisagem ou a perícia dos velejadores de kitsurf. Os ventos que sopram na Barra oferecem as melhores condições para a prática de esportes a vela. E foi nessa de fazer inclusive nada, que passamos o dia na Restinga, rindo dos causos e jogando conversa fora.

IMG_0048

No dia seguinte embarcamos no veleiro Musa, um Delta 26, do comandante Érico, levantamos vela e tomamos o rumo do Meral, um recantinho enigmático, localizado a pouco mais de 2 milhas náuticas rio adentro e ponto de encontro dos rios Cunhaú e Curimataú, com apenas uma barraca de pescador que dá apoio aos visitantes, servindo deliciosas ostras, e só, assadas numa churrasqueira.

IMG_0056

A navegação até o Meral me fez recordar as navegações pelos rios baianos, velas em cima, tranquila, silêncio total, ouvindo apenas o marulhar do casco do barco cortando água em um canal largo, com média de profundidade de 6 metros, e aqui, acolá, avistando uma canoa de pesca. Aliás, fizemos uma navegação como as dos velhos saveiros da Bahia, subimos o rio na maré de enchente e descemos na maré de vazante. Ó paí, pra que pressa?

IMG_0059

A ancoragem no Meral tem 11 metros de profundidade e exatamente no encontro dos rios. A única dificuldade é rever o aprendizado de ancoragem em situação de luta entre correntes contrarias, de forças diferentes, e vento. Segundo informações de um barqueiro que ancorou próximo, os rios Cunhaú e Curimataú oferecem condições e profundidades para navegação “até mais para frente” e o fundo é lama e sem pedras.

IMG_0064 

Só não consegui distinguir com precisão a origem do nome Meral, alguns dizem que ali existem algumas locas que seriam habitat do peixe Mero, outros falam que é uma corruptela do nome Perau, declive brusco no fundo dos rios e oceanos, mas bem que poderia ser “merol”, palavra que alguns usam para definir a porção de bebidas a ser levada para um dia de praia e mar, porque ali, na paz dos anjos do rio e diante do braseiro recheado com ostras fresquinhas, a vontade de tomar umas é grande.

IMG_0036 

Diante da natureza em estado bruto, comentei: – Se o acesso a boca da barra fosse balizado ou cartografado e os velejadores cruzeiristas franceses, espanhóis e alemães descobrissem esse lugar, em cada curva ou igarapé desse rio, teria um veleiro ancorado, pois são eles quem mais conhecem e aproveitam o potencial náutico brasileiro.

IMG_0014

Obrigado, Érico, Renata e Érico Filho, pela acolhida maravilhosa.

Nelson Mattos Filho

Palavras jogadas ao vento

8 Agosto (152)

Em seminário realizado pela Federação do Comércio do Rio Grande do Norte, nos idos anos 90, vi, ouvi e jamais esqueci quando o ex-ministro Delfim Netto, palestrante mais esperado do evento, mostrou para a plateia um panfleto produzido pela própria Fecomércio, que pedia empenho ao governo estadual na luta pela ampliação da refinaria de petróleo no município de Guamaré. Na época o RN disputava com Pernambuco e Ceará a instalação de uma super refinaria e como sempre acontece nas disputas políticas em prol de grandes investimentos, perdeu. Delfim levantou o panfleto e disparou: “Vocês estão lutando a luta errada. O Rio Grande do Norte é um estado lindo, presenteado com praias maravilhosas, abençoado por um clima sem igual, povo hospitaleiro e culinária deliciosa. A vocação do RN é o turismo, que irá trazer infinitamente mais riquezas do que uma refinaria de petróleo”. Alguns resmungos na plateia, olhares faiscantes na mesa diretora e o palestrante seguiu em frente. No final da fala, uma dica para os sonolentos ouvintes: “Para os que não querem investir no turismo, invistam em lixo, que é outra fonte de riqueza inesgotável e que os governantes não terão capacidade de absorver no futuro”. O ex-ministro não falava apenas no recolhimento, segundo ele, o mundo não sabe como dar fim ao lixo e como lidar com um problema que a cada ano se agrava. E não sabemos mesmo! Quem sabe no dia em que passarmos a pagar, e bem pago, pelo lixo que produzimos talvez aprendamos. Como bem diz o ditado: “Dor que ensina a gemer é a dor do bolso”. Trinta e tantos anos se passaram e nada do que foi dito pelo palestrante foi absorvido. O turismo no Rio Grande do Norte patina nos desatinos oficiais e segue uma receita única: Uma dose anual de planfletinhos coloridos; Uma dose mensal de viagens de oba oba; Uma dose de qualquer global decadente ou influenciador meia boca aqui, acolá; Um vidrinho de avião alegórico, de preferência vindo da Europa; Várias xaropadas de regabofe para encher os olhos  da galera dos holofotes e um unguento milagroso para aplacar a ira disfarçada da mídia.  O lixo – ah, o lixo – basta uma voltinha de carro ou uma caminhada pelos arredores da capital potiguar  ou qualquer município do estado para ver a bagaceira. Mas está tudo nos trinques, temos o maior parque eólico do Brasil e isso é o que importa, no momento. – Ei, Delfim não era aquele tal ministro da época da…? –Pois é, ele mesmo! – Ele falou isso, foi? – Foi! – Tá bom, se ele falar novamente hoje acho que a gente escuta! – Sei!

Cumbre Vieja, o vulcão de cada um

CUMBRE VIEJA NASA

E o vulcão Cumbre Vieja continua mandando brasa no arquipélago espanhol das Canárias. São mais de 40 dias de extrema fúria da natureza e pelo andar dos diabinhos que botam lenha na fornalha, tão cedo o facho abaixa. Segundo os tabloides internéticos, mais de 2 mil casas foram destruídas, mais de 900 hectares de terras agrícolas foram consumidos pelo rio de lava e 7 mil moradores precisaram ser evacuados. Porém, cada um tem um jeito de ver as coisas e sendo assim, em meio a magma efervescente, a galera do turismo viu que pode tirar proveito do caos e já imprimem folhetos promocionais para quem desejar saber como seria o clima no reino do capeta.  

Você passaria uns dias em um lugarzinho assim?

4 Abril (6)

Praia linda, dunas brancas, peixe fresquinho, lagosta de montão, coqueiral, clima maravilhoso, sossego e paz. Lugarejo onde ainda se dorme de portas abertas e que tem muita alegria em receber o visitante. Uma comunidade onde todos se conhecem pelo nome e vive como uma grande família. Pedaço de paraíso onde crianças, jovens ou adultos, podem caminhar despreocupados a qualquer hora do dia diante da mais absoluta tranquilidade. – Existe isso no Brasil? – Claro que sim! – Enxu Queimado, uma bucólica e apaixonante prainha do litoral norte potiguar.

4 Abril (98)4 Abril (106)

Alguns amigos perguntam se estamos com uma pousada na praia de Enxu Queimado, localizada no município de Pedra Grande/RN, e respondo que sim e não, não e sim, mas de tanto incentivarem e insistirem, construímos com muito carinho um chalé, dentro do terreno de nossa cabaninha, que, de tão aconchegante, é o lugar perfeito para passar alguns dias maravilhosos em um belo paraíso natural.

20200511_12240520200421_081428

O Chalé Recanto do Avoante é completo e tem uma convidativa e refrescante varanda de frente para um maravilhoso coqueiral que é o registro de identidade do povoado. Ah, o chalé não tem televisão, assim como em nossa cabaninha, porém, deixará você antenado com mundo através do sinal de internet!

20200511_12173620200511_12185420200511_122236

Porém, se você não quiser exercitar os dotes culinários, na cozinha do chalé que é completa, oferecemos um delicioso cardápio dotado de pratos inesquecível até mesmo ao mais exigente paladar. Durante a noite, você poderá se deliciar, na varandinha da AVOANTE Pizzas e Saltenhas, da gostosura das melhores pizzas do universo e do sabor sem igual da maravilhosas saltenhas da Lucia, acompanhado da sua bebida preferida e tudo regado com um contagiante bate papo de varar a madrugada.

2 Fevereiro (133)

Enxu Queimado é isso, uma linda, bucólica, encantadora, convidativa vilazinha de pescadores e o Chalé Recanto do Avoante está de portas aberta e cheio de carinho esperando por você.

2 Fevereiro (63)1 Janeiro (86)1 Janeiro (151)1 Janeiro (352)5 Maio (35)

– Como chegar? – Dois caminhos levam ao paraíso:

– Saindo de Natal e seguindo pela BR 406 até um entroncamento 4 quilômetros após a cidade de João Câmara, segue em direção a Pedra Grande, trecho todo em asfalto. De Pedra Grande a Enxu, são 11 quilômetros em entrada piçarrada;

– Saindo de Natal, pela BR 101, seguir para São Miguel do Gostoso, em estrada asfaltada. De lá até Enxu, são 30 quilômetros de estrada piçarrada.

Contatos:

– WhatsApp (84)99658-8080.

– Email avoante1@hotmail.com

Uma ponte atravessada no caminho

IMG_0409

Juro que nunca entendi o motivo que levou o criador de nomes a batizar o meu Rio Grande do Norte com um nome tão pomposo. Se foi por causa do rio que nasce no município de Cerro Corá e segue serpenteando boa parte do Estado, por 176 quilômetros, até desaguar nas águas do Atlântico, imagino que não foi, pois apesar da beleza de suas pinturas e do romantismo de suas poesias, ele não é tão grande assim e desde que o Potengi entrou nessa história que vem sendo diminuído ano após ano. Se foi pela grandeza das suas terras, também não, porque o elefante não aprendeu a crescer. Se foi pela riqueza do solo, até que poderia ser, pois aqui, se plantando tudo dá, porém, tem alguns poréns para atrapalhar. Será que foi pelas jazidas minerais e os recursos naturais? Quem sabe! Mas se foi, já foi, pois como diz a piada: “Tá se acabando tudo! ”. E pela grandeza dos nossos governantes? Com certeza não foi e definitivamente não, pois pense numa turma apequenada! Mas já que batizaram assim, assim será e ponto final e vamos seguir com a prosa.

No dia da festa maior em homenagem a Nossa Senhora da Apresentação, padroeira de Natal, o jornal Tribuna do Norte publicou matéria, mais uma, sobre o empecilho criado pela Ponte de Todos Newton Navarro para melhor desenvolvimento do turismo potiguar. Mas não foi por falta de aviso, foi por falta de visão e pelo grande mal causado pelo endeusamento político que a tudo corrói e destrói. Segundo a matéria, que é uma verdade, a Ponte é uma barreira para que o RN receba a maioria dos navios de cruzeiro que fazem a festa e levam alegria a outros portos Brasil afora, porque a altura do vão central, em torno de 54 metros, e a falta criminosa das proteções nas pilastras de sustentação, impedem a entrada de navios maiores e mais modernos. Na Copa 2014, jogo dos desmandos e do nosso maior fracasso futebolístico, Natal deixou de receber dois ou três transatlânticos e no verão que se avizinha, apenas assistirá à passagem deles ao largo e apenas um ou outro aproará a Barra do Potengi.

O mais engraçado é que recentemente foram gastos uns bons milhares de dólares para a construção de um terminal de passageiros, que de tão jogado as moscas, baratas e ratos do porto, está sendo oferecido a qualquer troco para realização de eventos diversos. Há quem diga que está certo e até defenda o uso para outros fins. – E sabe de uma coisa? – Eles é que estão certo, pois se não serve para uma coisa, que sirva para outra antes que venha abaixo por falta do que fazer.

O secretário de turismo, falando pelo governo do Estado, governo este que já está com as gavetas desocupadas, se apressa em dizer que está batalhando para mudar o quadro. A Codern, Companhia Docas do Rio Grande do Norte, diz que não está medindo esforços e até anuncia que o porto tem batido recordes de embarques de container. A classe política, deputados e senadores, se faz de desentendida, porque para ela tudo são flores e palanque. O governo que vai assumir, prometendo transformar o RN em um mar de rosas, vermelhas, continua prometendo, porém, ainda não orientou suas fileiras a pastorar o horizonte.

– E o que eu quero com essa prosa? – Digo! Sou defensor do turismo náutico em todos os níveis e o Rio Grande do Norte tem potencial para navegar em mar de almirante nesse segmento. O turismo náutico está entre os que mais crescem no mundo e que trazem excelentes benefícios e recursos. O RN está aproado e é porto estratégico para os destinos mais procurados do mundo e basta dar uma folheada na história para ver essa verdade. Somos beneficiados pelos ventos, pelas correntes marinhas, por um litoral belíssimo, por praia maravilhosas e viramos as costas para a lógica e nos agarramos com falácias de burocratas cegos, mal-amados e por uma politicagem barata. Recentemente enfiamos na lama a ideia maravilhosa de uma marina, que traria a esperança de bons resultados. Projeto que não passou pelo ranço e a acidez de mentes ferinas e ideologicamente transloucadas. Batemos palmas na construção e festejamos loucamente a inauguração da Ponte de Todos como um marco de desenvolvimento, o que não é. A obra é linda, as fotos são lindas, os festejos de fim de ano ganharam novos ares, mas a Ponte está posta em local errado e seus construtores e gestores públicos não vislumbraram o futuro, olharam apenas para o próprio umbigo, acenaram para os afagos, cortaram a fita, condenaram a praia da Redinha a ficar embaixo da ponte e saíram de cena. O futuro a Deus pertence!

O turismo náutico empancou diante da Ponte Newton Navarro, logo ele, que tanto amou e retratou Natal. Agora, parodiando as autoridades, vamos batalhar essa batalha perdida! A história conta que por mais de 300 anos, Natal virou as costas para o mar e somente pela visão de um dos seus prefeitos, no início do século XX, passou a apreciá-lo. Será que a construção da “ponte do futuro” deu início a uma viagem ao passado? Os fantasmas dos guerreiros do velho Forte dos Reis Magos observam tudo sobre as muradas, dão risadas e se perguntam: – Foi por esse povo esquisito que brigamos tanto?

Nelson Mattos Filho

hipocrisia ambiental

P_20171128_104134

Desde que enveredei pelos rumos da navegação não consigo olhar para essa paisagem sem vê-la emoldurando uma bela e movimentada marina, porém, a palavra “marina” é sinônimo do “coisa ruim” para a turma que cuida das regulamentações ambientais e dos pseudos dublês de ecologistas. – O que? – Marina? – Sai pra lá satanás!  É assim que agem os “defensores” das coisas da natureza, sem nem sequer dá uma passada de vista no projeto. Pois bem, essa paisagem é talvez um dos pontos turísticos mais fotografados do Rio Grande do Norte e um dos mais afamados portais do turismo potiguar, se bem que nos dias de hoje a fama anda meio cabisbaixa. A bela e mágica Ponta Negra, praia cantada em verso e prosa, hoje é apenas uma sombra desfigurada de um passado brilhante. Da antiga e tranquila praia de veraneio, das pescas de arrastão, das jangadas, das ciobas, dos caícos, das serenatas ao luar e da velha e boa vila dos pescadores, só sobraram as lembranças. Ambientalmente Ponta Negra é um caos!  E olhem que a praia é berço e parque de diversão de quase todos os movimentos ecológicos que atuam em Natal. No nariz dos “fiscais da natureza” – os mesmos que um dia gritaram, espernearam e fizeram birra, contra a construção de edifícios que impediriam a vista que eles tinham da praia – construíram um calçadão, mais agressor impossível. Fincaram hotéis e  restaurantes praticamente na areia. Esgotos escorrem a céu aberto e desaguam no mar. E para fincar a estaca no coração, despejaram toneladas de pedra sobre a faixa de areia para preservar o mais cruel agressor, o calçadão. Agora vejo nas folhas de notícias que o Idema – Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente, vários órgãos e ONGs que “fiscalizam” o meio ambiente, se reuniram para discutir propostas – cada uma mais estapafúrdia do que a outra – que visem conter o avanço do mar e consequentemente preservar o calçadão invasor. Hipócritas! Netuno, mostre a eles sua força e exija respeito! – E quanto a marina? – Vixe, deixe quieto, pode não senhor!      

Era uma vez nas dunas

Passeio-de-Dromedários-no-RN-Foto-Dromedunas-2Olhe, não tenho nada com isso e nem sei quem tem razão na história, mas vou dar meu pitaco para não perder o passeio. Dromedários, como os da imagem, há muito fazem parte da paisagem das dunas de Genipabu, praia famosa do Rio Grande do Norte e que até já fez pose em algumas novelas brasileiras, porém, segundo matéria no site potiguar Portal no Ar, tudo indica que os dias dos bichinhos das arábias, em solo papa jerimum, estão contados, tudo por causa de um arranca rabo, temperado por delações de fuxiqueiros, entre a empresa turística que aluga os dromedários e os fiscais do Idema, Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente. Por enquanto, ou até que acabe a peleja, o passeio desengonçado dos camelos estão suspensos em Genipabu e a turistada terá que seguir por outros roteiros. Dizem que o problema é o descuido com o bem estar dos animais e “otras cositas mas” , porém, cada lado conta um conto. Quem perde com isso, e já não bastam os altos níveis de violência e a vergonhosa situação da saúde pública, é o turismo, talvez o único setor que tem mostrado bons resultados para o estado. Pronto, agora os guias turísticos mirins podem acrescentar mais um item no quesito “já teve”. O antropólogo  Luís da Câmara Cascudo dizia que Natal não consagra, nem desconsagra ninguém. Nem dromedário escapou da sentença.

Justiça barra a cobrança da taxa de entrada em Morro de São Paulo

maq de flávio IMG_4769 (209)

O Tribunal de Justiça da Bahia barrou a taxa de proteção ambiental cobrada pela Prefeitura de Cairu/BA para entrada de visitante em Morro de São Paulo, um dos principais destinos turísticos da Bahia, sob alegação de inconstitucionalidade. A taxa de R$ 15,00, aprovada pela Câmara Municipal, em 2013, em substituição a outra taxa também vetada pela justiça, em 2012, tem como objetivo angariar recursos para preservação ambiental da ilha de Tinharé, onde se localiza a joia do turismo baiano, porém, segundo se comenta, nem os moradores e nem o município sabem informar o quanto é investido do total arrecadado com os 200 mil turistas que visitam o Morro anualmente. Sinceramente, sempre que pago essas taxas de proteção ambiental Brasil afora, inclusive na Ilha de Fernando de Noronha, sinto mau cheiro no ar e essa de Morro de São Paulo é de lascar. Fonte: uol viagens    

Uai! Parte 6

1 maio IMG_0004 (257)

Um dos locais mais indicados quando anunciamos que estávamos planejando uma viagem a Minas Gerais foi o Mercado Central de Belo Horizonte. De cara gostamos da indicação, pois a visitação a mercados públicos e feiras livres é um dos nossos programas favoritos. É no ambiente descolado desses comércios encantadores que as cidades se mostram mais verdadeiras e desobrigadas dos trejeitos modernosos. Hoje se você me perguntar o que fazer em Belo Horizonte, repondo sem pestanejar: – Muitas coisas, mas comece pelo Mercado!

1 maio IMG_0004 (259)

Depois de muito perambular pelas belas e arborizadas avenidas da capital mineira, num entra e sai de museus que quase não acaba mais e cada um mais encantador do que o outro, desaguamos nos corredores freneticamente movimentados do Mercado Central e nos deparamos com um verdadeiro festival de cores, odores e sabores que até imaginávamos encontrar, pois a visita nos foi muito bem recomendada pelo velejador/aviador Vitor, veleiro Storm, mas o que vimos nos deixou surpresos.

20160527_08595720160527_09022120160527_09484520160527_091512Encontra-se de tudo no Mercado Central de Belo Horizonte, a começar pelos queijos e doces que fazem da culinária mineira um marco da gastronomia brasileira, porém, é nos bares, cafés e restaurantes, que espalham aromas enfeitiçados no ar, que uma pecadora gulodice invade a nossa alma com as bênçãos de Oxóssi, orixá da caça e da fartura, Senhor da floresta, dos animais e dos alimentos. Continuar lendo

Uai! Parte 4

1 maio IMG_0004 (238)

Na página anterior desse relato a nossa trupe estava caminhando entre os monumentos e museus do Circuito da Liberdade e demos por encerrada a caminhada depois que a fome bateu no bucho e anunciou que ou vai ou racha. Mais uma vez não conhecemos tudo o que tínhamos para conhecer, porque engrenar um passo que atenda a vontade sem ultrapassar a razão é complicado diante de museus incrivelmente fantásticos e passeando por avenidas e ruas em que a história se fez. O programa da Praça da Liberdade tem que ser feito em dois dias e olhe lá, pois se o passo não for firme não dá.

1 maio IMG_0004 (234)

Como a fome nos fez apressar o passo, demos adeus a Praça e tomamos o rumo do Mercado Central, sonhando com aquelas comidas gostosos que todos que já visitaram indicam com água na boca e brilho nos olhos. O Mercado é um marco no centro de Belo Horizonte e onde tudo parece começar em suas entranhas. Sem saber que rumo tomar e sem querer ir parando ali, acolá para pedir ajuda aos passantes, ligamos o GPS do celular e aceleramos seguindo o traçado azul. Não sei por que esses GPS de carro têm mania de bagunçar o coreto dos incautos motoristas. O nosso começava bem e seguia melhor ainda, mas quando se aproximava do objetivo o bicho dava a bexiga e se arvorava a fazer maluquice.

1 maio IMG_0004 (203)

Entra aqui, segue por acolá, volta tudo, refaz, recalcula, agora vai e pronto, chegamos. – Eita, parece que o Mercado já fechou! – E num é que fechou mesmo! Foi aí que descobrimos que aos domingos e feriados o Mercado Central fecha a uma hora da tarde. E agora? E fome? Bem, vamos dar um pito nela e já que estamos no centro da cidade, vamos conhecer o Museu dos Ofícios, na Praça da Estação. E novamente o GPS aprontou para valer.

1 maio IMG_0004 (187)

Ao parar em um sinal pedimos ajuda a um motorista de taxi, que tentou ensinar da melhor maneira mineira, mas se atrapalhou todo e quando o sinal abriu ele disse: Me siga que é melhor! No sinal seguinte, ele respirou fundo e recomeçou nos ensinamentos: – Siga em frente e na primeira vire totalmente a direita, na segunda rua vire totalmente a esquerda, na praça vire totalmente a direita e na rua seguinte vire a esquerda só um pouco, siga em frente que vocês chegam na Praça da Estação. Hum? Acho melhor a gente ir pelo GPS!

1 maio IMG_0004 (242)

E nesse entra, vira e segue, chegamos enfim a Praça da Estação, que originalmente se chama Praça Rui Barbosa, e consequentemente ao Museu dos Ofícios, dois destinos que jamais devem ser deixado de lado pelos que visitam Belo Horizonte. A Praça tem a história da cidade gravada em suas pedras, porque foi a partir de seu espaço que a cidade surgiu e floresceu. A Estação Central era o pórtico de entrada da capital e pelos trens chegavam às pessoas que vinham conhecer a nova capital e ficavam.

1 maio IMG_0004 (243)

A Praça se destaca pela imponência de um espaço amplo e cercado de belos monumentos que valorizam a história mineira. Alguns estão expostos em réplicas, porque o vandalismo incontrolável e permissivo não deixa que as obras originais permaneçam sob o chão da praça. O local serve para a realização de festas populares, entre elas o São João, que dizem ser um dos melhores do interior brasileiro.

20160526_12330520160526_12341820160526_12391520160526_12445520160526_124553

O Museu dos Ofícios é simplesmente imperdível e basta apreciar sua fachada para sentir a grandeza existente em suas dependências. O Museu foi idealizado pelo Instituto Cultural Flávio Gutierrez e o seu acervo, único no país, foi doado pela empresária Ângela Gutierrez. O tema do Museu está bem explicitado em seu nome e lá estão representadas todas as profissões que deram e dá forma a riqueza do Brasil. E como diz o folheto informativo: É um enorme painel da história e das relações sociais do trabalho no País nos últimos três séculos.

20160526_12464520160526_12473220160526_12482820160526_125205

São mais de 2 mil obras com detalhes que encantam até quem afirma que não gosta de visitar museu. Como aconteceu no Circuito Liberdade, não é visita para ser feita as pressas. O Museu dos Ofícios precisa ser visitado de pé em pé, com reflexão, com parcimônia e sentido a magia de obras tão perfeitas e que nos leva a estar vivendo a época de onde as obras foram retidas.

20160526_12552520160526_12555720160526_12564120160526_13014020160526_13022020160526_124940

Me vi representado e viajei naquele espaço tão fascinante e sai de lá com a certeza que preciso voltar. Preciso parar longo tempo diante de cada ofício ali exposto para sentir a energia e aprender um pouco mais sobre o mundo em que vivemos. Preciso de horas de reflexão caminhando pelos corredores bem cuidados para saber até onde chegaremos. Será que um dia os museus contaram a nossa história? A história desses anos amalucados em que estamos vivendo? O que será que deixaremos para ser visto?

20160526_125941

– E a fome? Ela apertou e agora vamos abafar sua ira. Vamos a Lagoa da Pampulha!

Nelson Mattos Filho/Velejador