O texto que segue foi enviado pela secretaria do clube baiano Angra dos Veleiros, que recebeu do Sr. Everton Fróes, navegador e apresentador do programa dominical A Bordo. Talvez você já tenha lido por aí ou em alguma esquina desse grande oceano virtual, mas pela sutileza e beleza vale uma releitura. Desde já, parabenizo o autor.
O QUE É UM VELEIRO?
Álvaro Snibwiesky
Dentre as criações humanas, um veleiro é a que mais se assemelha a um ser vivo. Responde as forças da natureza quase como um animal.
É um cruzamento de peixe com ave, seu casco corta a água com delicadeza e força, suas velas são asas potentes que o impulsionam sem bater.
O veleiro sempre oferece nobremente o melhor de si, é um ser instintivo e natural a quem é impossível enganar com ordens erradas que pretendam impor-lhe manobras contra a natureza que o rodeia.
Não existem veleiros exatamente iguais, eles possuem alma e personalidade próprias. A personalidade é uma característica que se percebe facilmente. Basta observá-lo, ouvi-lo e senti-lo. Cada veleiro tem seu próprio caráter que se acentua com o passar dos anos. À medida que o barco amadurece com o uso, a sua personalidade se define.
Todo veleiro tem cheiro próprio e o som que produzem é sua voz.
Sua alma é sua voz e têm origem no doce ranger de painéis, móveis e anteparas, na vibração de seus estaimentos, no borbulhar suave do leme cortando o mar debaixo do seu casco.
Nutre-se do intelecto, do sangue, do suor e das lágrimas de quem o desenhou o construiu, pintou, forjou suas ferragens, costurou suas velas. É a obra de sonhos altivos e merece ser tratado como um filho bem-aventurado.
Tem na alma, a esperança, a ansiedade, temores e recordações de todos aqueles que, levados pelo vento, com a mão no timão, caçam escotas e adriças.
Fundamentalmente, invoca a alegria dos bons momentos compartilhados entre homens e mulheres que amam os seus veleiros e os desfrutam passando a bordo os mais intensos momentos de suas vidas.
Os veleiros são objetos criados com arte, tempo e esforço que carregam em seu bojo um valor espiritual agregado, o “mana”, descrito em verso e prosa pelos nativos da Polinésia, reconhecidamente, os maiores navegadores a vela que o mundo já conheceu.
O “mana”, esse algo mais, é a melhor maneira que encontramos para definir este “não sei o que” tão grande, tão importante, sensação de presença viva que um veleiro sempre nos transmite.
muito bom o texto… uma sensibilidade impar na escolha das palavras para definir a relação com o veleiro…parabéns
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Lesle Maciel, obrigado pelo comentário. Abraço,
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Belíssimo texto! Senti-me obrigado a compartilhar.
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Pierre, obrigado pelo comentário e fique a vontade para compartilhar. Abraço, Nelson
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Maravilhoso! Permiti-me compartilhá-lo!
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Fique a vontade Volker. Abraços,
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