São Felix, a Ponte e o charuto


IMG_0041

Em nossa excursão rodoviária pelas cidades do Recôncavo Baiano, assim como aconteceu com Cachoeira, passamos na maior pressa do mundo também por São Felix, que dividem meio a meio um pedacinho do Rio Paraguaçu. Alias, um belo pedaço. Mas não tínhamos como deixar de ir até São Felix, pois atravessar a ponte que liga as duas cidades é a tentação de qualquer turista.

IMG_0043 

Batizada de Ponte Imperial Dom Pedro II, ela e de uma beleza e conservação ímpar, nesse nosso Brasil tão escandalosamente propenso ao abandono das coisas públicas. Atravessar seus 365 metros de extensão e escutar o barulho do piso metálico é uma emoção, ainda mais sabendo que aquele amontoado de ferro inglês resiste ao tempo desde 1885.

IMG_0092

Sobre a sua história existem várias versões e acho que acredito em todas. Porém, uma que me chegou aos ouvidos dias depois de ter ido até lá e ter cruzado a ponte nos dois sentidos, já que tinha mesmo que voltar, me intrigou e fiquei simpático a ela. Se é verdade eu não sei, mas se for boato eu também vou colaborar dando andamento a ele. Dizem que a Ponte foi um presente de Dom Pedro II ao povo de Cachoeira e São Felix, por essas duas cidades terem enviado o maior número de combatentes a Guerra do Paraguai, o maior conflito armado internacional da América do Sul. O Rei para agradecer a bravura dos valentes baianos não mediu esforços em ligar as duas cidades definitivamente.

IMG_0084

Mas São Felix é linda que só vendo e nós passamos batido nessa primeira visita. Não conhecemos quase nadica de nada, mas saímos de lá super satisfeitos e pronto para discutir quase tudo sobre charutos. Quase tudo!

IMG_0047

Charutos? Pois é, botamos o olho em cima dessa fachada belíssima, vimos que estava aberta e fomos entrando como quem não quer nada, pensando que lá dentro funcionasse apenas um museu.

IMG_0048

Logo na entrada deparamos com essa cena, que tomamos até um susto, porém, numa segunda olhada vimos que se tratava de uma obra de arte premiada. Passa cada coisa na cabeça de um artista que nem Deus dúvida! Uns passos mais adiante, ainda abestalhados com a grandeza do espaço, vimos uma escada e subimos. Pronto, lá estava o coração daquele belo prédio.

IMG_0049IMG_0050IMG_0052IMG_0053IMG_0054IMG_0056

Estávamos caminhando entre baianas e mesas de produção da fabrica de charutos Dannemann, uma das melhores do mundo, conhecendo seus segredos, curiosidades, números e apreciando seus aromas. “Fumar charuto é para quem tem tempo”. O nosso tempo já estava esgotado, pois pretendíamos pegar a estrada de volta ainda com o Sol iluminando o mundo. Mas curiosidade é um bichinho danado de bom, e quando Fabiola, nossa cicerone por naquele mundinho de folhas de tabaco, disse que podíamos experimentar os charutos e até fazer uso dos conhecimentos de um sommelier para tal, os olhos de Lucia brilharam de alegria e ela nem pestanejou para exclamar: Eu quero!

IMG_0067IMG_0072IMG_0075IMG_0078IMG_0079IMG_0082

A partir daí esquecemos a promessa de voltar ainda com o Sol caminhando no Céu e fomos escutar e seguir os excelentes ensinamentos de Luiz Cezar Araújo, sommelier de charutos da Dannemann, degustando um delicioso Panatela, charuto leve, que se fuma rápido e que cai muito bem para dois pretensos iniciantes na arte. “Charuto não se fuma, se degusta”. Aprendemos como acender, a não tragar, a distinguir as várias fases do charuto, o  porque de se manter a cinza longa, porque ele apaga insistentemente e até a não levantar e sair rápido. Aprendemos também que charuto não combina com toda bebida. Com vinho nem pensar! Passamos quase duas horas nesse aprendizado gostoso, aromático e muito interessante.

IMG_0066 

Mas antes de ir embora, ainda participamos do projeto Adote uma Árvore, uma iniciativa para reflorestar a região da Mata Fina, uma das áreas mais ameaçadas de extinção em todo Brasil. Para participar do projeto, apresentado por Daiane e Fabiola, bastou apenas preenchermos um cupom com nossos dados e depositar em uma urna. A Dannemann se compromete a plantar uma arvore e enviar ao nosso endereço um certificado informando a espécie plantada, em nosso nome, e informações do desenvolvimento da mesma.

IMG_0083

Como vocês viram, de São Felix não conhecemos nada, mas em compensação saímos quase mestres no produto final da folha do tabaco. E sabe de uma coisa: Estou quase achando que charuto cubano só tem fama.  

   

10 Respostas para “São Felix, a Ponte e o charuto

  1. Que bom primo Nélson, acho que , dentro das suas limitações, vc conheceu das coisas mais interessantes.
    Estava com tanta saudade do blog que vc nem imagina.
    É que ando com uma tendinite braba e , como não posso nem chegar perto do meu barquinho, fico distante de tudo o que diz respeito ao mar, menos minha casa, pq aí já não dá…felizmente!

    Mas tenho apro

    Curtir

    • diariodoavoante

      Comandante, estava com saudade dos seus comentários, mas o amigo Wilson Chinali já havia passado as coordenadas. Um grande abraço e melhoras, Nelson

      Curtir

  2. Lucia.
    Agora ninguem lhe segura. Charuto na boca, faca um curso de mae de santo e teremos o barco TERREIRO DO AVOANTE. Sarava irma.
    Forte abraco.
    Flavio Alcides.

    Curtir

  3. O usso do cachimbo deixa a boca torta… O usso do charuto deixa redondinha ….

    Curtir

  4. Lucia.
    Quanto mais leio mais gosto. Quer dizer que agora, entre outras coisas, voces sao especialistas em tabaco. Sei nao viu, acho que o Nelson ja entendia deste assunto.Mande uma caixa de charuto para mim e o preco para depositar em sua conta.
    Forte abraco.
    Flavio Alcides.

    Curtir

    • diariodoavoante

      Flávio, obrigado pelo comentário, mas invés de enviar a caixa de carutos para você, vou me comprometer a levar você até lá. Um grande abraço, Nelson

      Curtir

  5. Pingback: Adote uma árvore | Diário do Avoante

Deixar mensagem para diariodoavoante Cancelar resposta