Aniversário de um poeta

O comandante e velejador de longo curso Erico Amorim das Virgens faz parte de um seleto grupo de pessoas que não consegue olhar o mar de um modo que não seja poético. A bordo de sua Musa, um belo veleirinho branco de 26 pés e não adianta você querer corrigir para o Musa, podemos ouvir os ecos de grandes batalhas etílicas movidas a poesia, música e boas amizades, marca indiscutível do comandante Erico. Amizade fácil, leal e indiscutivelmente sincera fez de Erico Amorim marca oficial da vela no Rio Grande do Norte. Um homem que respira mar, vela, poesia e amor, e que esta a frente das grandes conquistas do Iate Clube do Natal. Ontem, 03/05, foi seu aniversário e felizmente estávamos lá para reverenciar o comandante. O bolo anunciava 100 anos, mas lógico que foi apenas uma brincadeira carinhosa dos amigos e que ele agradeceu assim:

Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.
Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.
Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
— não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.
Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
— mais nada.

Cecília Meireles